O presente artigo pretende costurar reflexões sobre as relações intergeracionais entre travestis trabalhadoras sexuais e suas noções e perspectivas de envelhecimento e periodização da vida, por meio de dados extraídos de nossas pesquisas etnográficas que partiram de diferentes áreas de prostituição de Belo Horizonte. Concebendo as categorias referentes às gerações e o envelhecimento como produções discursivas, buscou-se compreender quais narrativas são acionadas pelas travestis para dar contornos e singularidades às suas experiências. O foco reside nas relações intergeracionais entre “tias” e “novinhas”, como são chamadas as travestis veteranas e novatas: seus conflitos, afetos, dinâmicas distintivas e memórias de experiências compartilhadas. A constituição dessas categorias nativas aponta para um emaranhado de relações, vínculos e conflitos, que constituem redes de suporte social atravessadas pelo mercado do sexo
Resumo Este artigo propõe um diálogo entre duas pesquisadoras que investigam temas afins: as experiências de travestis e transexuais em privação de liberdade. Partindo das formulações de Donna Haraway (1995), pretendemos debater sobre a particularidade e a corporificação de toda visão etnográfica através de um eixo de diferenciação central para nossas vivências em campo: a identidade de gênero. Céu Cavalcanti discute sobre os encontros etnográficos e o desenvolvimento de sua pesquisa enquanto uma pessoa trans; Vanessa Sander faz o mesmo debatendo os caminhos de sua investigação como pessoa cisgênera. Os diálogos e as ressonâncias entre as duas vozes que aqui se encontram possibilitam um afluente de conexões, em que as tramas interseccionais que circundam nossa visão são objeto inicial de análise. Nas dinâmicas teórico-metodológicas temos um ponto de encontro das nossas perspectivas que nos convidam a conversar sobre o elemento central deste texto: as identificações de cisgeneridade e transgeneridade nos próprios marcadores das pesquisadoras que se propõem a produzir conhecimento junto à pluralidade das vivências trans.
A presente entrevista encerra a série Fundadores, dedicada a celebrar a história do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp a partir dos seus primeiros professores – Antônio Augusto Arantes, Peter Fry e Verena Stolcke (à época Verena Martinez-Alier), e das circunstâncias que remontam ao seu feliz encontro, há 46 anos. Realizadas em Campinas, de 3 a 6 de novembro de 2013, por alguns estudantes do Programa, as entrevistas estão vinculadas à 3ª edição das Jornadas de Antropologia John Monteiro e figuram como um importante documento da antropologia no Brasil, abordada/pensada sob o ponto de vista de seus protagonistas.
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