Neste artigo discutimos o uso de oficinas como ferramenta metodológica de pesquisa. Partimos do pressuposto que as oficinas são espaços de negociação de sentidos, com potencial crítico de produção coletiva de sentidos. No contexto das oficinas, a negociação de sentidos compreende um processo de interanimação dialógica e de coconstrução interpessoal de identidades, num constante jogo de posicionamentos, que faz fluir a multiplicidade e contraste entre versões sobre o campo-tema que se investiga. Ou seja, o objetivo da oficina não se limita ao registro de informações para fins de pesquisa, uma vez que sensibilizam as pessoas para a temática trabalhada, possibilitando aos seus participantes a negociação de sentidos variados, abrindo espaços para controvérsias e potencializando mudanças. Decorre disso a necessidade de considerar nossa responsabilidade ético-política como pesquisadores que se propõem a abrir espaços de reflexão sobre processos de subjetivação.
This study is part of the overall research effort on the role of the media in making sense of events in late modernity. The main objective is to investigate the context in which news about AIDS is produced at the interface between norms for producing news (as expressed by professional journalists) and an analysis of news stories published in four mainstream Brazilian newspapers. The results are organized in three broad topics: (a) the construction of news about AIDS; (b) the visibility of AIDS news during the study period; and (c) factors that facilitate or hinder the production of AIDS news. Important factors include exclusiveness of the story and/or novelty of the content, the notion of hot (or cold) news, and the specific contents. The authors also emphasize the inevitable chance elements associated with organizational characteristics and daily journalism. They conclude by pointing to recent changes in both the shape of the AIDS epidemic and the communications dynamics resulting from recent developments in the electronic media.
Resumo O término do ciclo fértil das mulheres está historicamente atrelado a sua capacidade reprodutiva, demarcando de maneira significativa o início do processo de envelhecimento. O climatério, momento de transição entre o período fértil e a menopausa (que é a última menstruação), é percebido em nossa sociedade como uma questão médica. O objetivo deste artigo é analisar como os hormônios, considerados produtos atuantes em dinâmicas humanas, agenciam modos de subjetivação entre mulheres que passam pela menopausa na nossa sociedade, que valoriza a produtividade e a juventude. Nesta pesquisa, inspirada na cartografia de controvérsias proposto por Bruno Latour, foram analisados sete vídeos disponibilizados no Youtube pela indústria farmacêutica Bayer que abordavam direta ou indiretamente a “reposição hormonal” para mulheres. Identificamos que as mudanças hormonais na velhice são compreendidas como um desequilíbrio, causador de calores, problemas de libido, osteoporose, problemas cardíacos, secura vaginal etc. Tais percepções levam à busca por soluções médicas, como a reposição hormonal, para que o corpo alcance novamente o equilíbrio perdido com o envelhecimento. Concluímos que os hormônios são prescritos pelos médicos com a promessa de as mulheres se manterem jovens e sexualmente atraentes para seus parceiros do sexo masculino dentro de uma perspectiva que reitera o machismo e a heteronormatividade na sociedade.
With the field of assisted human reproduction as a case study, this article presents the results of a study on informed consent forms, linking the understanding of the use of social languages - especially the language of risk - and its implications on the relationship between health professionals and clients. Informed by a social psychology perspective and aligned with the qualitative tradition in research, the study was oriented by a theoretical approach to discursive practice, whereby the language of risk is understood as a way of speaking of future control of risks. The analysis centered on the text of 27 informed consent forms provided by eight Brazilian clinics. Besides understanding the linguistic specificities, the analysis attempted to answer the question, "What is being consented to?" The results showed the ambiguity of a document which presupposes the use of the metaphor of taking versus not taking risks. That is, the document may be used in a democratic, bureaucratic, or even authoritarian way, while the communication of risks and benefits subsidizes both the decision-making and the dilution of responsibility throughout the relational network.
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