A estimulação cardíaca artificial nasceu no final dos anos 50, com o objetivo primordial de eliminar os sintomas e reduzir a mortalidade dos pacientes com bloqueios atrioventriculares (BAV) avançados. Essa finalidade foi conseguida já nas primeiras gerações de marcapassos, que inicialmente eram assincrônicos (VOO) e depois sincrônicos ou de demanda (VVI).A partir daí, enorme avanço tecnológico ocorreu na fabricação dos geradores, com a utilização de microcircuitos integrados (alta capacidade de programabilidade e baixo consumo), baterias de lítio (grande durabilidade), fechamento hermético (aumento de segurança), multiprogramabilidade (diversidade de recursos), telemetria bidirecional (segurança e confiabilidade) sensores biológicos (possibilidade de alteração de freqüência). A evolução também foi observada na tecnologia dos cabos-eletrodos, desenvolvidos com menor calibre, maior flexibilidade, maior resistência, melhor histo-compatibilidade e fácil implantação por via venosa, tanto em câmaras atriais como ventriculares.A associação do desenvolvimento da tecnologia de fabricação e de implante do marcapasso ao maior conhecimento eletrofisiopatológico dos distúrbios de condução cardíaca permitiu um progresso consistente na estimulação cardíaca artificial, extremamente diversificada no seu modo de funcionamento, com alta confiabilidade, segurança e cada vez mais fisiológica.Ampliado o campo de ação dos marcapassos e diversificadas as suas indicações e modos de operação, as Sociedades que congregam os especialistas da área passaram a revisar periodicamente, as recomendações para a sua utilização, dadas as constantes inovações. Em nível nacional, o Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (Deca), da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) emitiu em 1987 as "Diretrizes para Implante de Marcapasso Cardíaco Permanente". Em 1990, em conjunto com o Departamento de Arritmia e Eletrofisiologia Clínica (Daec), tal trabalho, revisto e atualizado, foi publicado sob o título: "Indicações para Implante de Marcapasso Cardíaco Permanente". Cinco anos após, outra publicação do Deca modernizou as diretrizes para utilização da estimulação cardíaca artificial: "Consenso para o Implante de Marcapasso Cardíaco Permanente e Cardioversor-Desfibrilador Implantável -1995".A presente atualização foi motivada pelo extraordinário e rápido desenvolvimento da estimulação cardíaca artificial no tratamento das bradi e taquiarritmias, como também na terapêutica das miocardiopatias hipertróficas e dilatadas, correção dos distúrbios hemodinâmicos, ressincronização de câmaras cardíacas, prevenção de taquiarritmias e monitoração cardiovascular diagnóstica. IndicaçõesSeguindo o mesma orientação dos trabalhos anteriores, as várias situações clínicas em que se discute o implante de marcapasso cardíaco permanente foram classificados em: classe I -situações em que existe concordância geral quanto à indicação do implante de marcapasso; classe II -situações em que freqüentemente há indicação de estimulação artificial, mas nas quais não ...
O tratamento cirúrgico das valvopatias é muito freqüente e sua mortalidade ainda não se aproxima de zero. Neste estudo, procuramos identificar diversos fatores que poderiam aumentar o risco cirúrgico nestes procedimentos. Para isso, foram analisadas, retrospectivamente, 412 operações valvares realizadas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 1995. A média de idade dos pacientes foi de 48,3 anos, com predomínio do sexo feminino (59,3%). Consistiam em reoperação 154 (37,4%) casos e 24 (5,8%) pacientes necessitaram revascularização miocárdica (RM) associada. As valvas acometidas foram: mitral isolada (55,1%), aórtica isolada (27,2%), mitral e aórtica (11,4%), mitral e tricúspide (4,4%), tricúspide (0,7%), mitral aórtica e tricúspide (1,2%). A mortalidade hospitalar geral foi de 8,3%. Apresentaram-se como fatores de risco, relacionados à maior mortalidade, os seguintes: idade superior a 60 anos, presença de fibrilação atrial (FA) no pré-operatório, necessidade de troca valvar (impossibilidade de preservação), classe funcional IV da NYHA no pré-operatório, redução da função ventricular (FE menor que 0,50), tempo de anôxia miocárdica superior a 75 minutos e tempo de circulação extracorpórea (CEC) superior a 120 minutos. Pacientes submetidos a reoperação valvar e aqueles com RM associada apresentaram mortalidade mais elevada (11,7% e 20,8%, respectivamente), mas sem significância estatística. Por outro lado, a valva acometida, sexo, tipo de prótese utilizada nas trocas valvares (biológica ou metálica), número de operações valvares realizadas previamente (nas reoperações), intervalo de tempo entre a última operação e a atual (nas reoperações), e também nas reoperações o fato de ter sido submetido à troca valvar ou cirurgia conservadora previamente não alteram a mortalidade. Indicação cirúrgica precisa e no momento adequado, controle de arritmias pré-operatórias, novos medicamentos para controle da ICC e melhora da função ventricular, aprimoramento e surgimento de novas técnicas para preservação valvar, e novos mecanismos para suporte hemodinâmico pré, per e pós-operatório são medidas que podem reduzir ainda mais a mortalidade.
Cardiac valve procedures are very commom in heart surgery but its mortality is not yet null. In this study, a retrospective analysis of 412 cases was done between January 1994 and December 1995 to identify increased risk factors in these procedures. The mean age of patients was 48.3 years (13 to 85 years) with 59.3% (244 patients) females. Reoperations for valve diseases were performed on 154 cases (37.4%) and in 24 patients (5.8%) associated myocardial revascularization was necessary. The valves involved were: isolated mitral (55,1%), isolated aortic (27.2%), mitro-aortic (11.4%), mitro-tricuspid (4.4%), tricuspid (0.7%), mitro-aortic-tricuspid (1.2%). The hospital mortality was 8.3%. The following factors were identified to be significant predictors for hospital mortality: age over 60, preoperative atrial fibrillation, valve replacement (impossibility of native valve preservation), preope...
A morte súbita, responsável por cerca de 20% da mortalidade natural, continua sendo um dos maiores problemas da cardiologia. O arsenal terapêutico utilizado no seu combate inclui os medicamentos antiarrítmicos, a ressecção cirúrgica, a ablação endocárdica por cateter e o implante de dispositivos elétricos: os cardioversores-desfibriladores implantáveis.Sua utilização experimentou um enorme incremento nos últimos anos e vários megaestudos têm sido realizados para delinear a melhor opção terapêutica.Os resultados desses estudos tornam mandatória a revisão do "Consenso para Implante de Cardioversor-Desfibrilador Implantável -Deca 1995".Apesar da sua maior difusão e da aparente simplicidade de seu uso, as drogas antiarrítmicas, muitas vezes têm tido até mesmo o seu valor antiarrítmico contestado, em decorrência de seus efeitos pró-arrítmicos. No estudo CASH (Cardiac Arrest Study -Hamburg), iniciado em 1987 e concluído em 1993, que comparou o uso do desfibrilador implantável com vários fármacos, o estudo no subgrupo que utilizava propafenona foi interrompido, dada a mortalidade excessiva. Por outro lado, alguns fármacos, apesar da efetividade no controle de taquiarritmias, apresentam efeitos colaterais significativos, que motivaram a sua suspensão em 27%, 40% e 42% dos pacientes, respectivamente, dos grupos dos estudo CHF -STAD (Veterans Affairs Survival Trial of Antiarrhythmic Therapy in Congestive Heart Fai-Além do efeito pró-arrítmico, o insucesso da terapêuti-ca medicamentosa pode ocorrer devido à escolha incorreta do fármaco, à dosagem inadequada ou ao uso irregular por parte do paciente e ultimamente tem sido contestado o seu valor nos pacientes com comprometimento importante da função ventricular.Os cardioversores-desfibriladores implantáveis têm se mostrado a alternativa terapêutica mais eficiente para interromper taquicardias ventriculares sustentadas e fibrilações ventriculares, sendo responsáveis por uma redução expressiva na incidência de morte súbita, evidenciada nos estudos CASH, MADIT (Multicenter Automatic Desfibrillator Implantation Trial) e AVID (Antiarrythmicos Versus Implantable Desfibrillator). Este último, projetado para 1.200 pacientes também foi interrompido em virtude das taxas de mortalidade muito discrepantes entre seus diferentes subgrupos, o que levou o comitê dirigente a considerar anti-ética a continuidade do grupo de pacientes que recebia tratamento apenas com fármacos.No MADIT, os pacientes com infarto agudo do miocárdio prévio e disfunção ventricular (fração de ejeção menor ou igual a 35%), que apresentavam taquicardias ventriculares sustentadas ou fibrilação ventricular induzidas no estudo eletrofisiológico, foram divididos em dois grupos: um que recebeu o implante de cardioversor-desfibrilador implantável e outro, terapia antiarrítmica convencional. A discrepância da mortalidade após seguimento mé-dio de 27 meses (15% e 38% respectivamente) fez com que o Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos da América autorizasse a indicação de cardioversor-desfibrilador implantáve...
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