Este artigo busca estudar o uso do cachimbo e do tabaco entre os Mbya Guarani. Trata-se de um dispositivo central na comunicação com as divindades, mas que também é utilizado cotidianamente em ambientes onde esta relação não estaria (a princípio) em pauta. A análise do material etnográfico colhido pelo autor e a sua comparação com outros contextos ameríndios estabelece um campo semântico definido pelo pensamento mbya a partir do cachimbo e do tabaco buscando mostrar o que estes itens comunicam para além da relação com as divindades. Neste percurso passa-se pelo papel do cachimbo e do tabaco no sistema de trocas de feitiço entre as unidades locais mbya e também pela importância dos mesmos para a produção da pessoa mbya. Neste sentido conclui-se que gradientes de distância e de temperatura orientam de modo marcante o xamanismo mbya.
Resumo O presente artigo discute a relação de maestria a partir do contexto etnográfico mbya guarani, propondo um diálogo entre a etnologia sobre este povo e a amazônica, buscando uma aproximação entre certas concepções mbya e o perspectivismo ameríndio. A indesejada possibilidade de “transformação em animal” (-jepota), os contextos de caça e o investimento na familiarização de alguns animais indicam de que ponto de vista os Mbya pensam a humanidade destes, constituindo uma modulação do perspectivismo na qual a relação de maestria tem papel estruturante. Através da relação entre dono e xerimbabo os Mbya operam um reposicionamento de si mesmos, passando de potenciais presas de entes maléficos atuantes nesta Terra a animais de estimação dos deuses, amados e protegidos por eles.
A partir de alguns contextos específicos de interação com os brancos (jurua) procuro investigar no presente trabalho como a cosmopolítica mbya está orientada. A partir de um irônico comentário de uma xamã mbya sobre sua (e de seu grupo) transformação corporal em brancos(as), busco entender as relações com o jurua como formas que os Mbya arranjam de experimentar um mundo que os ultrapassa e que, por isso mesmo, desperta seu desejo de modos diversos. Durante encontros lúdicos os Mbya estabeleciam certos laços com os brancos que podem resultar até mesmo em casamento, contudo a tensão que caracteriza a relação com o Outro algumas vezes é resolvida através da guerra ou de tentativas de familiarização.
O presente artigo é resultado de uma pesquisa realizada entre 2008 e 2009, em três aldeias de etnia Guarani Mbya, no município de Paraty-RJ e tem como objetivo descrever e situar alguns aspectos da articulação entre o saber indígena em saúde e o saber biomédico da equipe multidisciplinar de saúde indígena, no contexto indicado, ressaltando a questão da Atenção Diferenciada. Questão esta definida pelo Subsistema de Saúde Indígena como: ações em saúde realizadas com respeito às diferenças socioeconômicas, epidemiológicas, demográficas e culturais de cada comunidade indígena. Contudo, percebemos que as equipes de saúde ainda encontram dificuldades em relação à elaboração de um atendimento que englobe a concepção de saúde dos Guarani Mbya e os seus modos de cuidado.
Resumo: A partir de trabalho de campo em aldeias guarani mbya do estado do Rio de Janeiro, especialmente aquela que se localiza em perímetro urbano, na Região Oceânica da cidade de Niterói, procurei discutir a relação destes grupos indígenas com a cidade e categorias relacionadas. Situações observadas durante a pesquisa suscitaram uma série de questões sobre os motivos e expectativas que gravitam em torno da mobilidade de grupos (e indivíduos) guarani mbya: que critérios orientam a busca por novos lugares para se viver? Porque a escolha de um local urbano como destino do deslocamento? Quais as reações (interiores e exteriores ao grupo) que uma ocupação guarani em um meio urbano pode causar? A partir destes questionamentos procurei investigar como era conciliada, pelos diferentes sujeitos, a idéia de um povo (o "índio" genérico) visto, essencialmente, como "habitante das matas" ocupar um espaço urbano. Busquei entender também qual a importância dos aspectos "urbanos" no cotidiano dos Guarani Mbya, e como os significados envolvidos na categoria apareciam nos diferentes contextos. Na discussão procuro destacar as concepções cosmológicas mbya guarani em relação com o cotidiano dos sujeitos, levando em conta as trajetórias pela cidade e modos específicos de apropriação do "urbano".
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