Este artigo realiza uma discussão inicial acerca das relações de poder e da violência nas áreas de fronteira reocupadas por diferentes grupos sociais, tais como mineradores tradicionais, prostitutas, peões e comerciantes, nos espaços dos garimpos, constituídos a partir das descobertas de jazidas diamantíferas no município de Juína, Noroeste de Mato Grosso, Brasil, entre os anos de 1987 e 1994. O poder é compreendido como relação legítima de comando e obediência, ao passo que violência é pensada como instrumento de dominação e imposição sobre o outro em locais cuja presença do Estado é incipiente. Weber e Arendt são importantes referências para o diálogo da relação entre poder e violência. A fronteira é pensada na lógica das frentes de expansão e pioneirismo de José de Souza Martins. O recurso da história oral foi utilizado para recuperar relatos de violência nesses espaços, em especial no Garimpo do Arroz.
Este artigo destaca em linhas gerais a produção historiográfica de Mato Grosso e busca contribuir com o alargamento da pesquisa histórica numa área de fronteira em que pesquisadores provenientes das mais diversas regiões do país debruçaram-se sobre a escrita da história regional.
O presente trabalho é centrado na investigação a respeito da violência ocorrida contra trabalhadores migrantes conhecidos como peões, no extremo Nordeste do Estado de Mato Grosso. Nesta pesquisa procuramos elucidar algumas questões, tais como: violência, trabalho escravo contemporâneo, exclusão, conflito de terras; migrações; ou seja, alguns dos problemas da região do Araguaia, na qual parte da Igreja Católica tendo Dom Pedro Casaldáliga à frente esteve presente apoiando os segmentos sociais mais vulneráveis, durante os anos do governo militar. O local escolhido para nossas observações foi o extremo Nordeste de Mato Grosso, cortado pela BR-158 e pelo rio Araguaia no sentido Sul - Norte e se deve ao fato paradoxal da modalidade de trabalho, ter se evidenciado na região simultaneamente à entrada dos grandes empreendimentos agropecuários ligados a conglomerados bancários, multinacionais montadoras de automóveis, que supostamente promoveriam a substituição das relações de produção de subsistência juntamente com o denominado trabalho escravo contemporâneo, que no Brasil e mais precisamente nas regiões Norte e Centro-Oeste, têm como padrão o trabalho no setor primário. A Amazônia foi alvo privilegiado das ações governamentais na esfera federal, naquilo que ficou conhecido como o processo de colonização e que se propunha um substitutivo à reforma agrária. Grande número de migrantes do Nordeste brasileiro buscou trabalho na região. Foi naquele contexto que expressões como gato, peão, “empreita” e “escravidão por dívida”, entre outras ganharam sentido e aos poucos se tornaram objetos de um contingente crescente de estudiosos de diferentes áreas do conhecimento, buscando o melhor entendimento do fenômeno do trabalho escravo contemporâneo.
Este artigo trata da reocupação da Amazônia Legal, com ênfase para o estado de Mato Grosso, durante a ditadura militar no Brasil. A migração para os projetos de colonização e agropecuários, foi a estratégia utilizada pelo governo para essa tarefa. Milhares de hectares foram entregues à empresas particulares que, por meio da propaganda, atraíram pequenos proprietários do Sul do país. Essa grande operação imobiliária visou vender lotes de terras sem, no entanto, dotá-los das condições mínimas para a permanência desses migrantes e suas famílias nos locais. A população existente nessas áreas antes da implantação dos projetos foi ignorada, o que provocou sérios conflitos
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