RESUMO. O presente artigo pretende traçar as bordas da especificidade do fenômeno da violência na contemporaneidade. Mais especificamente, procura evidenciar de que forma este novo delineamento, aliado à lógica de controle global, irá imprimir suas marcas na sociedade brasileira. A partir desta articulação entre um funcionamento global e sua incidência no contexto específico do processo histórico brasileiro, iremos pensar sobre os impasses trazidos por esta nova especificidade do fenômeno da violência e os desafios para os processos de subjetivação e inscrição no laço social do contemporâneo. Interessar-nos-á conduzir esta discussão a partir da hipótese de que haveria uma desfiguração do outro social, possível graças a uma zona de anomia, onde a legalidade e a ilegalidade se confundiriam. Desta forma, a partir da intersecção entre os modos de subjetivação do contemporâneo e as práticas do exercício do poder, discutiremos os impasses à singularização num contexto desértico da mais completa dessubjetivação do socius.
Este trabalho discute as estratégias dos adolescentes dos grandes centros urbanos, periferias e favelas na sua inscrição no laço social. A partir de um trabalho clínico de orientação psicanalítica com adolescentes em ambiente escolar, formulamos a hipótese: diante da violenta desqualificação de suas vidas e da falta de perspectivas de inscrição em um laço indicador de participação fálica no social, alguns jovens fazem da violência sua própria ficção, de modo a inverter lugares - de passivos à violência passam a ativos, em uma produção fantasmática, na qual a violência se torna a modalidade normatizada de laço social.
neste artigo, vamos examinar, apoiadas em convergências ético-políticas de autores de diversas áreas de conhecimento, as estratégias de poder e os impasses do sujeito contemporâneo nestes tempos sombrios. Apontaremos algumas das consequências desse poder para o sujeito no capitalismo avançado, particularmente as que incidem sobre o sentido da vida, sobre a historização do sujeito. Indicaremos algumas modalidades de resistência que supõem o deslocamento do gozo monitorado politicamente e mortífero para o desejo, para uma práxis caracterizada pelo resgate da experiência compartilhada do mundo, em que os processos coletivos e a reabilitação do espaço público possam tornar possível a construção de projetos comuns. O artigo recoloca a noção de contemporâneo pela via da conjugação de diversas temporalidades, afirmando a construção de um modo particular de atribuir sentido ao presente. Entende que, resgatando a experiência compartilhada com os contemporâneos, podese reinventar a vida e criar mecanismos de pressão contra a submissão ao poder soberano.
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