Resumo Este artigo aborda o tema da iniciação sexual na adolescência, com foco nas narrativas de dez jovens com experiência de aborto induzido, moradoras de uma favela do Rio de Janeiro. A análise lança mão da descrição do processo de entrada na sexualidade como estratégia para elucidar o contexto da gravidez e do primeiro aborto clandestino na trajetória afetivo-sexual das jovens aqui entrevistadas. Considera-se a iniciação um domínio da sexualidade e da vida social que envolve socialização, interpretação de regras e significados, sistema de atitudes, formas de aproximação, controle e modelação dos afetos, das emoções e das relações de gênero. Os resultados mostraram que a diferença de idade entre os pares na iniciação amorosa sexual é significativa, clarificando o contexto em que ocorreram as decisões sobre métodos contraceptivos, gravidez e aborto. Notou-se que as adolescentes se submetem a difíceis decisões sobre sua sexualidade e reprodução, em um momento de vida em que ainda lhes falta experiência sexual e reprodutiva. A partir dos dados, demonstra-se a importância do fortalecimento de políticas públicas, discussões sobre gênero e direitos sexuais e reprodutivos na adolescência em diversos âmbitos da sociedade, como escola, família e demais instituições.
Resumo: O artigo apresenta os resultados da pesquisa qualitativa realizada por meio de entrevistas semiestruturadas em profundidade com dez adolescentes moradoras de uma favela da Zona Sul do Rio de Janeiro, Brasil, com idades entre 15 e 17 anos, e com experiência de aborto ilegal praticado entre 12 e 17 anos. Buscou-se examinar de modo mais efetivo a questão do aborto ocorrido na adolescência e as estratégias usadas pelas adolescentes para concretizá-lo em contexto ilegal. Foram evidenciados os métodos utilizados, os locais de realização e a maneira pela qual aconteceu o processo de realização do aborto. Os abortos foram realizados em clínicas clandestinas; no apartamento do amigo de um dos parceiros; e por meio do uso do remédio Cytotec (misoprostol). Os valores pagos variaram entre R$ 500,00 e R$ 2.500,00, e todos foram realizados sem o conhecimento ou participação dos responsáveis pelas adolescentes. Uma adolescente teve de recorrer a um serviço de saúde por conta de complicações resultantes do aborto. As entrevistadas contaram com amigas e/ou parceiros, e quase todas se encaminharam sozinhas para realizar o aborto, o que deve motivar uma reflexão sobre os riscos corridos e a solidão dessas adolescentes para a realização de um ato inseguro e ilegal. Conclui-se que o estudo sobre o aborto nesse momento da vida representa contribuições importantes para a compreensão da sexualidade e reprodução na adolescência.
Resumo Este artigo aborda o fenômeno da violência nas trajetórias afetivo-sexuais de jovens gays cisgênero, pertencentes a camadas populares da região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. A literatura brasileira sobre violência contra homens gays, geralmente, tem como foco a discriminação sofrida por esta população, mas pouco se problematiza a violência que eles sofrem nas relações familiares devido à sua orientação sexual, ou ainda, em suas relações ditas como “namoro” ou “ficar”. Com o objetivo de discutir a presença de violências durante a trajetória afetivo-sexual dos jovens, este estudo qualitativo realizou entrevistas em profundidade a partir de um roteiro semiestruturado. Os resultados mostraram que há múltiplas faces de violência que ocorrem durante a infância e adolescência nas relações familiares, perpassando nos seus relacionamentos afetivo-sexuais na adolescência e juventude, incluindo violências sexuais, físicas, psicológicas e institucionais. As redes de apoio dos jovens são limitadas, como exemplo, a poucos amigos e ao acesso de blogs na internet. Nenhum profissional de saúde foi citado pelos jovens como fonte de ajuda. Destaca-se também a necessidade de debater a prevenção da violência e promoção da saúde destes jovens, ampliando o olhar para as várias formas contemporâneas de se relacionar intimamente.
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