A ética protestante e o espírito do capitalismo

Bola de Neve Church, empreendedorismo e o diálogo com o Ideário das políticas neoliberais

“…Portanto, o discurso da BNC afirma e naturaliza os valores de concorrência de mercado, apontando caminhos para o/a empreendedor/a ou o/a funcionário/a, que devem ser voltados para a dedicação, a disciplina e o trabalho duro, um discurso muito aproximado das máximas protestantes identificadas por Weber (2004), nas quais uma ética laboral proporcionaria um diálogo com os anseios divinos para o fiel realizar na Terra.…”

“…Uma exaustiva jornada de trabalho é incentivada e associada ao planejamento das atividades laborais. Assim como aponta Weber (2004) em "A ética protestante e o 'espírito' do capitalismo", elementos de racionalidade e disciplina presentes na moral capitalista estão nesse discurso. Ele utiliza a história de Daniel, personagem judeu do Antigo Testamento, que foi escravizado no Império Babilônico, aproximadamente em 605 a.C., e colocado diante de diversos desafios para provar a sua fé.…”

Corpos descartáveis: neosoberania e exclusão na era digital

“…Weber, quando ressalta o aspecto crescente da racionalização e do controle ou agenciamento da vida cotidiana no capitalismo moderno denomina esse movimento de Entzauberung der Welt, ou desencantamento do mundo, relacionado ao crescente desenvolvimento das ciências, tecnologias e técnica. Essas não apresentariam apenas o aspecto positivo e resolutivo intrínseco às suas práticas, porém diminuiriam o poder das explicações mágico-religiosas, sagradas e metafísicas, criando mecanismos de dominação e controle cotidiano da vida do trabalhador e da população em geral via aprimoramento burocrático, tornando a vida, por vezes, sem sentido ou significado (Weber, 1971(Weber, , 1996(Weber, , 1997.…”

Evangélicos e o dispositivo urbano neoliberal

“…A religião é um fenômeno social, portanto, coletivo, que representa uma poderosa força que, ao ultrapassar o indivíduo, termina por enquadrá-lo. Enquanto fenômeno social, a religião é, portanto, um modo, dentre muitos outros, de exercício de poder (BERGER, 1990;DURKHEIM, 2001;WEBER, 2004;BOURDIEU, 2007). Não era a crença em uma divindade transcendente o que constituiria a essência da religião para Durkheim (2001), mas o culto à própria sociedade manifestado através da criação coletiva de uma igreja cujos membros se unem por representar de um mesmo modo o mundo sagrado e por traduzirem essa representação comum em práticas comuns.…”

“…A religião reforça a ordem material e simbólica legitimando tudo o que define socialmente um grupo ou classe (BOUR-DIEU, 2007). Weber (2004), por sua vez, não possuía a pretensão de elaborar uma teoria da religião conforme fizeram Durkheim (2001) e Berger (1990) nem procurou mostrar o papel da religião como perpetuadoras das injustiças sociais como o fez Bourdieu (2007). Mas, elaborou, talvez a relação causal mais importante da sociologia da religião.…”