No Posicionamento por Ponto Preciso (PPP), as coordenadas estimadas na época do levantamento são referenciadas à materialização do sistema de referência global utilizada nas órbitas dos satélites, atualmente IGb14 (época de coleta dos dados). No entanto, sistemas geodésicos regionais são utilizados em diferentes países, como no Brasil, que adota o SIRGAS2000 (época 2000,4). Uma forma de lidar com estas diferenças, é a utilização da transformação de Helmert em conjunto com um modelo de velocidades para a compatibilização tanto do referencial, quanto da época. Nesse contexto, esta pesquisa tem como primeiro objetivo avaliar o impacto da compatibilização do referencial de velocidades no processo da atualização de coordenadas no PPP. Utilizou-se dados GNSS em formato RINEX de 175 estações da RBMC processados com o serviço online IBGE-PPP. Diante dos resultados encontrados, pôde- se verificar que a compatibilização de referencial das velocidades se mostrou eficaz para o processo de atualização das coordenadas obtidas no IBGE-PPP. Das 1513 coordenadas calculadas com cada uma das quatro velocidades testadas, em 62,92% dos casos, a VEMOS2009-CCR (com compatibilização de referencial – CCR) apresentou menores discrepâncias, seguida pela VEMOS2017-CCR com 29,54%, VEMOS2009-SCR (sem compatibilização de referencial – SCR) com 7,21% e VEMOS2017-SCR com 0,33%. Em relação à diminuição das discrepâncias após a compatibilização de referencial das velocidades, verificou-se que, para o VEMOS2009, 85,86% das coordenadas apresentaram uma menor discrepância após a atualização. Já para o VEMOS2017 essa diminuição ocorreu em 98,61% das coordenadas. Outro objetivo desta pesquisa foi avaliar o potencial da realização do procedimento de atualização temporal de coordenadas com a aplicação de multivelocidade, isto é, atribuindo ao mesmo ponto de interesse mais de uma velocidade, sendo cada uma utilizada em períodos específicos do procedimento. Idealmente, essas velocidades são estimadas através de séries temporais do ponto de interesse, com pelo menos dois anos cada, e que somadas compreendam todo o período da atualização temporal desejada. Utilizando dados de cinco estações dos Estados Unidos e cinco estações do Brasil, calculou-se a discrepância planimétrica e altimétrica (em relação às coordenadas de referência) resultante da atualização das coordenadas por períodos de 8 e 10 anos. Considerando os resultados obtidos, pôde-se observar que para as estações do Brasil as multivelocidades proporcionaram resultados planimétricos melhores (ou similares) quando comparados àqueles obtidos com as monovelocidades. Entretanto, esse cenário não se repetiu para a as estações dos Estados Unidos. De forma geral, nas dez estações analisadas fica evidente a consistência dos resultados obtidos pelas multivelocidades estimadas a partir de séries temporais posicionais com períodos de 5 ou 4 anos, majoritariamente milimétrica, seja em uma atualização de 8 ou 10 anos, em estações localizadas perto ou distantes das bordas das placas ou sob fortes efeitos de cargas hidrológicas. Quando comparada aos modelos VEMOS2009, VEMOS2017, ITRF2000 e NUVEL-1A, amplamente utilizados pela comunidade acadêmica e por profissionais da área, a atualização com multivelocidade se mostrou eficaz, apresentando inclusive resultados melhores que os de modelos regionais como o VEMOS2009, utilizado pelo IBGE-PPP. Palavras-chave: GNSS. IBGE-PPP. Multivelocidade. Série temporal.