As contribuições da Geografia Urbana e da Saúde são relevantes para a compreensão da dinâmica territorial da Rede de Atenção Básica (RAB) da saúde na cidade de Belém (PA), que dispõe de Unidades Básicas de Saúde (UBS) desterritorializadas em um modelo de atuação similar aos postos de saúde da década de 1980. O presente artigo apresenta uma análise sobre a abrangência da RAB e o paralelismo entre a desconexão da AB e a propagação da Covid-19 e das altas taxas de mortalidade em um espaço de disparidade socioeconômica presente em Belém (PA). A discussão fundamenta-se na revisão do documento regulatório da Política Nacional de Atenção Básica, no mapeamento das UBS e na Estratégia de Saúde da Família (ESF), observando limites de atuação entre os bairros. Constatou-se que a RAB em Belém segue um padrão de porta de entrada desterritorializada em um modelo de atendimento tradicional, sem uma assistência territorial de equipes de Saúde da Família (eSFs). Antes do período pandêmico, o caos da saúde pública municipal em Belém já se anunciava pela precariedade da rede de AB, pela falta de recurso da rede hospitalar e das unidades de pronto atendimento (UPAs), além das más condições de habitação e saneamento básico.