O empreendimento científico, por sua natureza, é um processo intrincado e mutável que, com frequência, é simplificado de maneira inadequada em manuais de ciência, os quais o reduzem a uma série linear de etapas fixas denominadas Método Científico. Essa perspectiva simplista negligência a natureza multifacetada e flexível do processo científico, omitindo sua dimensão epistemológica e nuances inerentes. Moreira e Ostermann identificam essa distorção, argumentando que tal visão caricatural do método científico pode prejudicar o ensino de ciências, ao incentivar os estudantes a desconsiderarem a complexidade e a criatividade inerentes à prática científica, bem como a subestimarem a importância da reflexão crítica e da análise contextualizada, elementos cruciais para o progresso do conhecimento científico. Neste ensaio, corroboramos as críticas de Moreira e Ostermann, enfatizando que uma compreensão mais abrangente e contextualizada da ciência é fundamental para promover uma educação científica eficaz. Para respaldar as críticas ao Método Científico, recorremos a autores de diversas tradições, incluindo ortodoxos como Popper, historicistas como Kuhn e dialéticos como Bachelard. Dessa maneira, demonstramos que, apesar das divergências entre essas correntes, há um consenso de que a concepção ingênua do método científico é insustentável. Com isso, almejamos sensibilizar educadores, divulgadores científicos, pesquisadores e o público em geral para reconhecerem a natureza dinâmica e multifacetada do processo científico. Sobretudo, aspiramos capacitar os educadores a prepararem os estudantes para se tornarem pensadores críticos e participantes ativos na construção do conhecimento científico.