O crescimento do segmento neopentecostal e seus impactos no campo religioso brasileiro têm sido objeto de estudo de pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento. Embora existam artigos de autores brasileiros que tenham como escopo a análise da lógica de funcionamento do mercado de bens simbólicos em diversos campos e à luz da teoria bourdiesiana, trabalhos que busquem melhor compreender o campo religioso brasileiro, a partir de uma análise da economia de seus bens simbólicos, são incipientes. Da mesma forma, estudos que busquem aproximar essa discussão daquela empreendida no campo dos Estudos Organizacionais, por meio da análise de instituições religiosas das diversas vertentes presentes na realidade brasileira, parecem ser, ainda, escassos. Tendo isso em vista, o propósito principal deste artigo consiste em compreender as especificidades do mercado de bens materiais e simbólicos em uma instituição religiosa neopentecostal criada no final da década de 1980, no interior de Minas Gerais. Para fins deste trabalho, de natureza essencialmente qualitativa, foram realizadas quinze entrevistas semiestruturadas com pastores e fiéis da instituição religiosa neopentecostal pesquisada. Pudemos observar, a partir delas, que essa instituição ocupa uma posição “subversiva” dentro do campo religioso brasileiro, e, no evangélico, em específico. Tal posicionamento “subversivo” pode ser observado, por exemplo, no estabelecimento de uma relação líder/fiel pautada em uma lógica transacional, e também por uma clara negação do econômico no que diz respeito ao comércio de artigos religiosos, bem como pela construção de um ambiente informal dentro e fora do espaço da igreja.