Este trabalho pretendeu analisar o controle e a ordenação posta pelo Crianceiras, um aplicativo literário no qual o jogador, sendo igualmente um leitor, tem suas ações e interações delimitadas pelas possibilidades do dispositivo jogo. Transcorremos, então, as ideias de limite, ordenação suscitada pelo jogo e as de manipulação, controle inclusa na noção de dispositivo. Outro ponto que também levantamos nessa nossa leitura foi a do leitor, ou melhor, do “jogador-leitor”, aquele que tem uma leitura permissível apenas após submeter-se às dinâmicas do aplicativo literário. Balizando este nosso trabalho, como aportes teóricas, usufruímos das observações do historiador Huizinga (2019) e do filósofo italiano Agamben (2005, 2009, 2017) sobre jogo e dispositivo, além dos estudos críticos referente a leitura em aplicativos literários de Kirchof (2020), Almeida e Segabinazi (2019, 2020). Todavia, a nossa intenção não foi reprovar ou proibir o uso do Crianceiras, muito menos emitir um juízo de valor estético e de qualidades literárias, mas, demonstrar como o sujeito, o “jogador-leitor”, e suas ações, a de jogar e ler, são perpassadas pela ordenação, controle, manipulação, regra, possibilidade, limites...