Desde as décadas de 1980 e 1990, a tecnologia digital tem se tornado cada vez mais popular e acessível a uma vasta camada da população mundial. Devido às facilidades proporcionadas por esse tipo de tecnologia para produção, distribuição e consumo de informação, a cultura contemporânea está se tornando cada vez mais atrelada ao computador (em seus vários e cambiantes formatos) bem como a inúmeros aparelhos móveis (tablets, celulares, livros eletrônicos, entre outros), o que tem levado alguns pensadores a postularem o termo "cultura digital" para pensar a contemporaneidade. Manovich (2001, p. 70), por exemplo, afirma que a cultura com a qual o sujeito contemporâneo se relaciona é cada vez mais uma "cultura codificada na forma digital". Isso significa que o modo como nos relacionamos com as informações que consumimos hoje está marcado pelo modo como funcionam as tecnologias e as mídias digitais, o que modifica várias de nossas práticas anteriormente vinculadas às mídias analógicas, inclusive a prática de escrever e ler obras literárias.A tecnologia digital é o resultado de uma longa trajetória de evolução tecnológica, tendo se tornado possível devido à fusão de dois principais domínios: tecnologias de mídia e de cálculo. Ainda no século XIX, ao mesmo tempo em que Louis Daguerre desenvolvia, na França, um tipo de mídia capaz de reproduzir e fixar imagens, o daguerreótipo, Charles Babbage desenvolvia, na Inglaterra, um aparelho destinado a processar dados armazenados em uma memória mecânica, seu famoso Analytical Engine. Enquanto a invenção de Babbage deu sequência a inventos cada vez mais refinados destinados ao cálculo, a invenção de Daguerre possibilitou o desenvolvimento de uma série de mídias de imagem, como a fotografia e o cinema, por exemplo. A convergência desses dois domínios, no século XX, permitiu que qualquer informação (imagem, texto ou som) pudesse ser transformada em representações numéricas, disponíveis em aparelhos de computação.Conforme Manovich (2001, p. 19), assim como a imprensa, no século XVI, e a fotografia, no século XIX, exerceram um impacto revolucionário sobre a cultura e a sociedade modernas, as assim chamadas novas 1 Doutor em teoria da literatura e professor no Programa de Pós-Graduação em Educação e Estudos Culturais da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Canoas, RS, Brasil.
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Canoas/RS -Brasil II Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre/RS -BrasilNo Brasil, desde meados da década de 1990, mas especialmente nos anos 2000, o crescimento do interesse por temas ligados às diferenças tornou-se perceptível no panorama social mais amplo, com reflexos também em uma gama considerável de produções endereçadas às crianças. Dentre essas, a literatura infantil apareceu como campo fértil para a tematização de diferenças étnicas, etárias, raciais, de deficiência, de orientação sexual, de gênero, de conformação corporal, dada a quase consensual concepção -entre os educadores -de que a abordagem de temas por meio de produtos culturais de entretenimento, como livros de literatura infantil, filmes, desenhos animados, jogos é sempre produtiva e fecunda. E é no entrecruzamento dessas duas vertentes -a abordagem das diferenças e a literatura voltada para as crianças -que se situa a presente seção temática.Muitos são os fatores que colaboraram e colaboram para conferir centralidade à temática das diferenças na atualidade, dentre os quais se destacam, por um lado, as iniciativas de movimentos políticos e de uma gama de novos atores sociais que reivindicam direitos específicos -muitos deles incorporados à legislação a partir da premissa constitucional da igualdade e, simultaneamente, do respeito às diferenças culturais, religiosas, étnicas, geracionais etc. Por outro lado, é necessário considerar, para além dos fatores sociais e políticos do Estado brasileiro, os processos de globalização em curso, que tornam cada vez mais porosas as fronteiras que delimitam um dentro e um fora, que definem quem é próximo ou distante, quem somos nós e quem são os outros, e alteram significativamente os panoramas culturais, as rotinas e as prá-ticas dos sujeitos destes tempos.Conforme Hall (1997), no atual contexto mundial de migrações, resultante do surgimento de novas ordens políticas e econômicas globais, as diferenças tornam-se mais expressivas e se evidenciam pela intensificação de contatos entre diferentes. A produção sem precedentes
Neste artigo, apresento um breve panorama da produção de poesia para crianças no universo digital, utilizando, como base, algumas obras brasileiras e estrangeiras que ganharam destaque entre críticos de literatura infantojuvenil. As discussões dialogam com pesquisas recentes sobre poesia digital e literatura digital infantojuvenil, destacando-se autores como Richard Flynn, Teale e Yokota, Roberto Simanowski, Scott Rettberg, Luis Correa-Díaz, Katherine Hayles, entre outros. Inicialmente, discuto o lugar das obras digitalizadas e dos livros digitais estáticos no contexto da poesia digital infantil. Em seguida, discorro brevemente sobre alguns experimentos de poesia infantil que se destacaram na era Flash. Por fim, apresento um panorama dos principais tipos de book apps dedicados à poesia infantil atualmente, com ênfase nas adaptações de clássicos e na utilização dos book apps como plataformas para divulgação da obra de poetas contemporâneos.
O presente artigo apresenta uma discussão sobre a representação do feio em livros infantis alinhados com concepções multiculturalistas sobre a diferença. Para tanto, são analisados oito livros brasileiros escritos entre 2008 e 2010. Tomando como fundamento teórico o vasto campo dos Estudos Culturais, o texto prioriza a apresentação da teoria estética de Tomás de Aquino como exemplo de sistema teórico-conceitual que, embora situado historicamente, continua atuando sobre a produção de identidades e subjetividades até os dias de hoje. Uma das principais conclusões é que o multiculturalismo está atuando fortemente sobre a forma como são representadas as diferenças em livros infantis contemporâneos.
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