Resumo. O presente artigo investigou o impacto das privações afetivas para o vínculo com as figuras parentais, para a relação terapeuta-paciente e para a atividade lúdica de uma criança em situação de acolhimento institucional. Desse modo, o método utilizado foi de um estudo de caso único, de caráter qualitativo e delineamento longitudinal. Para a compreensão do caso, foi realizada a análise de conteúdo com base nos registros das sessões dialogadas. Os resultados revelaram que as privações afetivas projetadas pelo paciente representaram o impacto dos rompimentos de vínculos, perpassando para as demais relações interpessoais. As vivências das privações afetivas foram traumáticas e, inicialmente, excederam a capacidade de simbolização, não conseguindo o paciente colocar em palavras essas vivências, e, com isso, gerando diferentes fantasias de castigo, morte, privação e fantasia de superação. Através do processo psicoterapêutico, percebeu-se a necessidade de promover o cuidado, a continência e a sustentação, os quais foram possibilitados na relação com o terapeuta. Por fim, através da brincadeira na psicoterapia, houve a possibilidade de um espaço para a representação da dinâmica de funcionamento do paciente e para a interpretação do que se passava em seu mundo interno, incrementando, assim, sua capacidade simbólica. Dessa forma, demonstrou-se a necessidade de estudar o tema, para melhor compreensão do caso clínico. Por fim, considera-se que são essenciais intervenções psicológicas para um desenvolvimento saudável, bem como um maior número de pesquisas sistemáticas nesse contexto.Palavras-chave: criança institucionalizada, psicoterapia, relações de vínculo, privações afetivas.Abstract. This article aims to discuss the impact of emotional deprivation to bond with parental figures, for the therapist-patient relationship and the playful activity of a child in an institutional care situation. Thus, the method used was a single case study of qualitative and longitudinal design. ToPrivações afetivas e relações de vínculo: psicoterapia de uma criança institucionalizada