A qualidade da narrativa autobiográfica parece depender tanto de habilidades verbais (estilo e coerência), quanto de recursos imagéticos. No entanto, não se sabe qual o impacto de estilos cognitivos verbal/visual na evocação das lembranças que compõem a narrativa. Oitenta e dois estudantes universitários dos cursos de psicologia, letras, biomedicina e odontologia, com idades entre 17 e 54 anos (média = 22,66 anos; DP = 6,2), relataram um evento autobiográfico e responderam a questionários sobre memória autobiográfica, estilos cognitivos visual-verbal, e imaginação. Os resultados não indicaram a presença de referências visuais na narrativa autobiográfica, mas apontaram para diferenças quanto a estilo verbal, número de palavras e coerência narrativa entre grupos de estudantes (psicologia e letras versus odontologia e biomedicina). A interação entre as três variáveis foi sustentada pela correlação entre coerência narrativa e número de palavras (r = 0,769; p = 0,001), e pelos diferentes perfis narrativos entre cursos universitários.