<p>Historicamente, o Ensino de Ciências tem reduzido a abordagem da sexualidade a conhecimentos sobre anatomia e fisiologia de órgãos genitais, bem como sobre a profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis, concentrados na disciplina de Biologia. Nesse contexto, a gravidez na adolescência passa a ser considerada como “indesejada”, reduzindo a possibilidade de diálogo para/com os jovens acerca desse fenômeno. Em contracorrente a esse cenário, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa, por meio da utilização do documentário “Meninas”, levantando pontos para reflexão entre 51 estudantes do 1º ano do Ensino Médio, de uma escola pública da região central do Rio Grande do Sul, Brasil, objetivando tornar explícito o que pensam esses jovens sobre a gravidez na adolescência. Os resultados, analisados por meio da Análise Textual Discursiva, apontam para um pensamento homogêneo entre esses sujeitos e remetem a uma forma negativa de lidar com a sexualidade, expondo uma profunda desigualdade no tratamento entre gêneros, imprimindo julgamentos depreciativos em relação à mulher e à mulher-mãe. Assim, convidamos educadores a analisarem os processos que educam indivíduos como mulheres e homens, sobretudo, se quisermos investir em possibilidades de propor intervenções que permitam modificar essas relações de poder de gênero vigentes, contribuindo para um Ensino de Ciências comprometido com a igualdade social.</p>