O contexto social e do trabalho nas organizações hipermodenas é perpassado por mecanismos de dominação psicológica e pela gestão do afetivo, o que pode ser observado nas práticas de recursos humanos que enfatizam um modo de trabalhar com as emoções pautado na subjetividade, fonte de controle e de domínio. Essas relações acabam por comprometer o bem estar dos indivíduos e provocar seu sofrimento físico e psicológico. No controle dos afetos, a alegria tende a ser vinculada, assujeitada e instrumentalizada em um contexto ideológico, no qual o indivíduo é incentivado a desenvolver um amor entusismado com a organização. Este é o cenário em que se desenvolve o presente artigo, na intenção de estabelecer reflexões, de ordem teórica-crítica, em torno da alegria. O objetivo volta-se para compreender a dinâmica da alegria, tanto como afeto de resistência, quanto fonte para o advento do sujeito, especialmente no contexto organizacional, na expectativa de que estas discussões possam referenciar pesquisas empíricas no campo dos Estudos Organizacionais. Contempla-se a alegria como fonte de um combate inteligente e de negação da morte, instrumento que se contrapõe à destrutividade. Reconhece-a também como fonte para o advento do sujeito, um ser não assujeitado, que produz história e não é apenas produzido por ela. É a partir de discussões interdisciplinares do campo dos estudos organizacionais, da psicossociologia crítica e da filosofia, envolvendo significativamente as contribuições de Spinoza, que se pretende colaborar com reflexões quanto às possibilidades de liberdade e emancipação do sujeito na gestão hipermoderna. O estudo possibilitou a compreensão da alegria como potência de resistência capaz de auxiliar na microemancipação do indivíduo ao fazer uso de brechas civilizatórias no ambiente de trabalho. A alegria enquanto afeto potencializador daquele que pretende fazer-se sujeito de sua própria vida, apesar de todos os determinismos sociais e registros psíquicos.