“…Afinal, como definimos as especificidades de cada discurso e consolidamos qual No ocidente, atuando enquanto uma instituição, o que se considera literatura transforma-se na lei de dizer tudo-tudo dizer, com o risco de que se afirme: tudo já está sendo dito; logo, as bordas da sua própria institucionalidade estão sendo extrapoladas, de modo que uma noção de literatura se liga imediatamente ao "advento de uma ideia moderna de democracia" (DERRIDA, 2014, p. 51). Sendo que a estranheza dessa instituição fictícia, proclamadora de uma democracia por vir, está em seu próprio jogo: um espaço libertário, de proteção "de toda censura, seja religiosa ou política" (DERRIDA, 2014, p. 54); mas que, ao mesmo tempo, de modo ambíguo, o seu "poder revolucionário pode tornar-se muito conservador" (DERRI-DA, 2014, p. 23), reproduzindo estereótipos, obrigando o outro a dizer o que deseja e até mesmo reivindicando uma defesa diante de atos justos e injustos (NATALI, 2006). Tendo em vista o mapeamento inicialmente apontado, especulamos: será que a todos é dado esse espaço de dizer-tudo-tudo-dizer?…”