Introdução: Jovens representam um grupo de alta vulnerabilidade à tentativa de suicídio, e a autointoxicação é o meio mais utilizado para o ato suicida. Objetivo: Descrever a estrutura e os antecedentes de famílias de jovens internados por tentativa de suicídio com agentes químicos. Método: Pesquisa descritiva e transversal, em entrevistas com familiares de 12 jovens internados por autointoxicação, de 2011 a 2016, e notificados a um centro de informação e assistência toxicológica do noroeste do Paraná - Brasil. Utilizou-se entrevista semiestruturada e a confecção de genogramas, agrupados por núcleos de similaridade. Resultados: A maioria dos jovens era do sexo feminino, idades entre 14 e 19 anos; quatro casos com tentativa de suicídio anterior, sete com transtorno mental e três com abuso de drogas. Ao longo das duas gerações, a estrutura familiar acompanhou as diversidades da sociedade, com diminuição da taxa de fecundidade, aumento de famílias chefiadas por mulheres, separação conjugal, avós responsáveis pelo cuidado dos netos e fragilidade dos laços familiares. O relacionamento intrafamiliar apresentou dependência emocional entre o jovem índice e os avós, mas constantes atritos e desavenças no meio familiar, pouco contato emocional com os pais e baixo suporte familiar antes da tentativa de suicídio. Como antecedentes para a tentativa de suicídio, verificou-se o uso de drogas de abuso, os transtornos mentais e os conflitos de identidade de gênero. Conclusões: O genograma auxiliou na compreensão da estrutura e diferenças intergeracionais, na identificação do familiar significante e das relações familiares como fatores para as tentativas de suicídio.