O artigo estuda a viragem performativa no teatro de Mónica Calle – Casa Conveniente, em que a fala, aparentemente excluída, e a dramaturgia do corpo, em exacerbamento, se tornarão um modo de texto ausente. Para tal, comparam-se dois espetáculos, Ensaio para uma Cartografia e O Escuro que te Iluminaou as Últimas Sete Palavras de Cristo, e seus universos de criação. Propôs-se uma cartografia performativa resultante dos mapas espaciais e subjetivos desses universos, efetuando uma historiografia da companhia, discutindo uma espectadoria da estética da encenadora e textualizando as experiências do corpo. Através de uma abordagem autoetnográfica, imergiu-se, de modo teórico e prático, no pulsar, no desejo, na resistência física e espiritual e na dialética singular-coletivo – características do trabalho artístico de Calle. Em regimes de escrita distintos, o artigo divide-se em duas partes: em I analisam-se as fases de criação dos dois universos e em II desenvolve-se um ensaio comprometido de investigador-performer.