Esta dissertação toma como objeto de análise o que foi convencionado como "afastamento", "separação compulsória" ou "sequestro" de bebês em Belo Horizonte (MG). Para tanto, lanço olhar aos jogos de acusação, denúncias e normativas que produzem e disputam práticas de gestão em torno de determinadas maternidades e populações. De maneira geral, o objetivo da dissertação é explorar tanto a gramática dos direitos (VIANNA, 2013) quanto de gênero (VIANNA; FARIAS, 2011) que produz gestão, controle e categorização das mães. Ademais, também está atenta à dimensão social e política, ou seja, a construção de um "problema", ora vinculado à "situação de vulnerabilidade" e a ausência de "capacidade protetiva", ora à criação de uma rede de apoio e articulação, organizada a partir da identificação social "Mães órfãs". Esta última, responsável por colocar em disputa na arena pública, noções de direitos e violações, a partir de um entendimento de maternidade bastante específico. Ou seja, ao analisar à constituição deste "problema" como uma "causa", centro especial atenção à "rede mães órfãs" e suas estratégias e engajamento, sobretudo, na formulação e denúncia do tema como uma causa pública grave e urgente de "violação de direitos". A metodologia da pesquisa teve como base o método qualitativo e busca pensar os documentos, as reuniões, audiências públicas e entrevistas como campo etnográfico, a fim de contribuir para os debates de antropologia a partir de sua interface com investigações sobre pessoas em situação de rua, uso de drogas, gênero, maternidades, instâncias estatais e práticas de documentação.