This article concerns public health policies for the Indigenous peoples of Brazil, focusing on relations of violence observed by the authors during their research. We draw attention to different types of violence through an analysis that articulates fieldwork on primary health care in Indigenous Areas with observations of political negotiations concerning health issues involving Indigenous leaders and government workers. There is, on the one hand, the habitual symbolic violence that can be observed in daily interactions between health workers and Indigenous patients, and, on the other, the contradictions of an official political rhetoric that assents to Indigenous authority and then systematically dismisses it when decisions that involve public health are put into practice. The research combines different methodological strategies (intensive fieldwork, research on public policy documents, participant observation of political meetings, interview with indigenes and managers, etc.) to establish correlations between interpersonal violence and structural violence along democratic processes of public policies building in Indigenous health. From this perspective, the paper addresses the violence in health sector beyond the individuals and their intentions; it proposes that violence in health must be interpreted against the backdrop of a broader discussion on the construction of Indigenous citizenship that articulates tutelage and political participation in the politics of health practices in Brazil.
A produção acadêmica sobre a saúde indígena no Brasil quadruplicou nos últimos 10 anos. Se considerarmos o conjunto de teses e dissertações das Ciências Sociais produzidas neste mesmo período, este número permanece reduzido. O que pretendemos, contudo, é propor uma análise desses números - coletados em pesquisa ao Banco de Teses da Capes - para discutir a relevância e o significado desta produção, com foco na contribuição antropológica, assim como apresentar a genealogia da importância crescente do tema na antropologia brasileira. Para tanto, buscamos inserir os números aferidos em contextos mais abrangentes que nos possibilitassem compreendê-los enquanto parte de um processo que se insere simultaneamente nas dinâmicas do campo científico e do campo político brasileiros. Por fim, traçamos algumas convergências temáticas próprias à produção antropológica ao longo das últimas décadas e apontamos certos desdobramentos de pesquisa que vêm se configurando como linhas fortes.
ResumoO presente artigo discute dois contextos de pesquisa etnográfica em saúde indígena, através dos quais buscamos refletir sobre o tipo de cidadania que está sendo fabricada na interlocução entre políticas de governo e participação política indígena nas ações, normas e discursos da saúde. Tratando-se de mundos sociais em que práticas de governo incidem sobre corpos individuais e populações, nos perguntamos se é possível falar de uma bioidentidade emergente na saúde pública para os povos indígenas no Brasil. Nossos objetivos estiveram pautados, portanto, em dois momentos: (i) refletir sobre os efeitos das políticas de governo para a saúde indígena no campo rico e complexo das conexões entre a biologia e a política; e (ii) ponderar sobre o potencial compreensivo daquelas categorias para as identidades políticas em jogo neste campo. Palavras-chave: saúde indígena/etnografia/cidadania/biopoder/bioidentidade AbstractThis article discusses two contexts of ethnographic research in indigenous health, through which we reflect on the kind of citizenship produced in the political dialogue between the government and indigenous political
Embora a antropologia possua uma longa tradição de estudos das formas de organização social, foi apenas a partir dos anos 1920 e do início dos anos 1930 que uma antropologia das instituições começou a tomar forma. Com a intensificação da globalização e a expansão do capitalismo industrial e pós-industrial, a partir das últimas duas décadas do século XX a antropologia voltou-se cada vez mais para o entendimento das sociedades complexas e de suas instituições. Os problemas tradicionais derivados da inserção da/o antropóloga/o no seu ambiente de estudo e análise tornam-se mais agudos quando nos voltamos para as instituições, uma vez que elas, numa definição operacional inicial: têm o objetivo do aumento da produtividade (de mercado e/ou política); têm regras formais internas, estruturadas a partir de uma hierarquia funcional; separam as relações organizacionais das demais; e disciplinam os “de dentro”, erigindo barreiras ao acesso dos “de fora”.O dossiê focaliza algumas das principais questões – empíricas e teóricas – com que antropólogos e antropólogas se defrontam quando procuram construir uma antropologia das instituições e das práticas de poder, sem, para isso, excluir as contribuições de autores de áreas conexas interessados no tema e todo o arcabouço teórico-metodológico que a antropologia nos legou. Três dimensões principais foram exploradas, com maior ou menor intensidade, nos seis artigos aqui reunidos: 1) as questões relacionadas à etnografia nos variados contextos institucionais, suas potencialidades e limites; 2) os processos de institucionalização e as bases compartilhadas de conhecimento e 3) as práticas governamentais, o processo sócio-histórico e cotidiano de construção das ‘políticas públicas’, a dimensão documental dos itinerários burocráticos experimentada pelos interlocutores.
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