Embora a antropologia possua uma longa tradição de estudos das formas de organização social, foi apenas a partir dos anos 1920 e do início dos anos 1930 que uma antropologia das instituições começou a tomar forma. Com a intensificação da globalização e a expansão do capitalismo industrial e pós-industrial, a partir das últimas duas décadas do século XX a antropologia voltou-se cada vez mais para o entendimento das sociedades complexas e de suas instituições. Os problemas tradicionais derivados da inserção da/o antropóloga/o no seu ambiente de estudo e análise tornam-se mais agudos quando nos voltamos para as instituições, uma vez que elas, numa definição operacional inicial: têm o objetivo do aumento da produtividade (de mercado e/ou política); têm regras formais internas, estruturadas a partir de uma hierarquia funcional; separam as relações organizacionais das demais; e disciplinam os “de dentro”, erigindo barreiras ao acesso dos “de fora”.O dossiê focaliza algumas das principais questões – empíricas e teóricas – com que antropólogos e antropólogas se defrontam quando procuram construir uma antropologia das instituições e das práticas de poder, sem, para isso, excluir as contribuições de autores de áreas conexas interessados no tema e todo o arcabouço teórico-metodológico que a antropologia nos legou. Três dimensões principais foram exploradas, com maior ou menor intensidade, nos seis artigos aqui reunidos: 1) as questões relacionadas à etnografia nos variados contextos institucionais, suas potencialidades e limites; 2) os processos de institucionalização e as bases compartilhadas de conhecimento e 3) as práticas governamentais, o processo sócio-histórico e cotidiano de construção das ‘políticas públicas’, a dimensão documental dos itinerários burocráticos experimentada pelos interlocutores.
O artigo argumenta que uma apropriação crítica da obra de Oscar Lewis e suas sugestões de estudar a pobreza desde uma perspectiva cultural pode ser útil para uma antropologia urbana preocupada com a pobreza no Brasil atual. Apresenta as perspec- tivas éticas, políticas e metodológicas mais gerais desse autor para em seguida analisar o conceito de “cultura da pobreza”, suas inconsistências, apropriações e possibilidades. Numa sociedade marcada pela desigualdade social e pela pobreza, as investigações acerca das práticas e valores que perpetuam tal situação deve, necessariamente, colocar num plano importante as culturas que atuam na direção da naturalização de tal situação. Tal perspectiva precisa ser relacional e analisar a pobreza como construção social e não apenas econômica.
Resumo: A obra de Oscar Lewis é muito citada, mas em geral pouco lida hoje em dia. Em virtude da notoriedade que alcançou e da polarização a que foi submetida na conjuntura da primeira metade da década de 60 do século XX nos EUA, Lewis é de longe mais conhecido por cunhar e pôr em circulação o termo "cultura da pobreza". Os estudantes de antropologia o conhecem também por conta de sua polêmica com Robert Redfield acerca do continuum rural-urbano, e sua contribuição naquele debate estabeleceu à época novos parâmetros para uma antropologia urbana, sendo considerado um dos fundadores da antropologia urbana no México (Nivón; Rosas Mantecón, 1994) .Palavras Chave: Cultura. Pobreza. Oscar Lewis. Abstract:The work of Oscar Lewis is very quoted, but generally unread today. Because of the notoriety it has gained and the polarization it underwent at the juncture of the first half of the 1960s in the United States, Lewis is by far the best known for coining and circulating the term "culture of poverty." Anthropology students also know him because of his controversy with Robert Redfield about the rural-urban continuum, and his contribution in that debate established new parameters for an urban anthropology at the time, being considered one of the
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