A sugestão de que emoções são, de alguma maneira, essenciais para juízos morais tem recebido atenção na literatura recente. Jesse Prinz chama de emocionistas as teorias que envolvem pelo menos uma das seguintes afirmações: (i) emoções são necessárias e suficientes para a obtenção de conceitos morais (o emocionismo epistêmico); (ii) emoções são necessárias e suficientes para a determinação de propriedades morais (o emocionismo metafísico). Segundo o autor, alguns resultados da investigação empírica no campo da psicologia moral suportam as duas versões de emocionismo (especialmente a primeira). Em The emotional construction of morals, Prinz apresenta os conhecidos casos de dumbfouning, nos quais entrevistados mantém um juízo moral mesmo quando confrontados com o fato de que não são capazes de apresentar razões para tal, como uma das motivações para uma visão emocionista do juízo moral. No entanto, existe controvérsia sobre a interpretação dos casos de dumbfounding: em primeiro lugar, parece ser possível interpretá-los através de razões, como sugerido por Sinott-Armstrong, Yin e Stanley (2019); em segundo lugar, mesmo que não exista consideração de razões ocorrendo, é possível, como foi sugerido por Jones (2006) e Alves (2013), que os casos de dumbfounding não sejam exemplos genuínos de juízos morais porque os entrevistados não possuem conceitos morais básicos. Apresento, primeiro, os casos de dumbfounding e a interpretação emocionista sugerida por Prinz, para depois considerar as duas interpretações alternativas. Apesar do apelo inicial da argumentação de Prinz, parece que as descobertas empíricas não suportam devidamente uma metaética sentimentalista do tipo proposto por Prinz, e o apelo a razões continua sendo essencial na caracterização de juízos morais. Palavras-chave: Metaética, Psicologia Moral, Sentimentalismo, Emocionismo, Dumbfounding Moral.