MARCON, S.S. "Flashes" de como as gestantes percebem a assistência pré-natal em um hospital universitário.Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 5, n. 4, p. 43-54, outubro 1997.Este artigo foi extraído de um estudo desenvolvido com o objetivo de compreender e caracterizar a assistência pré-natal prestada à gestante no ambulatório de um hospital universitário (MARCON, 1990
INTRODUÇÃOEmbora o acompanhamento pré-natal já tenha provado sua eficácia na assistência da mãe e do concepto, no que diz respeito às taxas de morbi-mortalidade (CORTEGUERA et al., 1976;ADRIAZOLA et al., 1987;BELIZÁN et al., 1979), ainda apresenta deficiências tanto na extensão da cobertura como no padrão de qualidade.Por outro lado, a despeito da eficácia dos programas de assistência pré-natal, constatei que desde que estes programas começaram a ser implantados nos mais diversos pontos do País, concomitantemente passou a existir, por parte dos profissionais envolvidos, uma preocupação com sua parcela quantificável: cobertura do serviço com relação à população estimada de gestantes, número médio de consultas por gestantes, época do início do acompanhamento pré-natal, número de exames realizados, cobertura vacinal, etc. (CIARI et al., 1972;LESSA et al., 1976;PAIM et al., 1976;BELIZÁN et al., 1979;CANDEIAS, 1980), bem como a influência destes aspectos no desfecho da gravidez.Na área de enfermagem, a avaliação tem sido feita com relação à eficácia das orientações realizadas durante o pré-natal quanto ao preparo psicoprofilático para o parto (ALMEIDA, 1972;FREDDI, 1973;PELÁ, 1979), com relação às orientações sobre o aleitamento materno e sua prática no puerpério (SILVA, 1988), sobre os tipos de orientações que são fornecidas de acordo com o período de gravidez e as que deveriam ter sido dadas, e as que são anotadas no prontuário (ÉVORA, 1988). Isto demonstra que, no âmbito da avaliação da assistência de enfermagem à gestante, muito ainda se tem por fazer, mesmo com relação aos aspectos quantificáveis.Como regra geral, observei que nos estudos onde a prestação de assistência às gestantes foi investigada, não se procurou valorizar a perspectiva e a percepção das mulheres, embora estas constituam, junto com seus filhos, a razão da existência destes serviços. Aliás, perspectivas, percepções e sentimentos de gestantes são muito pouco valorizados em estudos nacionais. Na ocasião do desenvolvimento do estudo que originou este texto, trabalhos desta natureza eram escassos (e ainda continuam sendo) e versavam somente sobre alguns aspectos (EIRAS, 1983;NASCIMENTO, 1984; GARCIA, 1985), entre os quais, não se inclui a assistência recebida durante o pré-natal. Este aspecto não foi abordado nem mesmo no estudo de MARCON (1989), embora o mesmo englobe, a partir da percepção das próprias gestantes, toda a experiência vivida por uma mulher durante o período gestacional.