O artigo explora o entrelaçamento do tradicional, do moderno e do pós-moderno na prática do Candomblé, discutindo a presença das pessoas transgêneras em seus cultos. Têm como hipótese a variedade de questões que impactam a tradição do Candomblé, como o corpo e as transformações corporais, a identidade, as indumentárias e a responsabilidade pela execução dos cargos. Trata-se de uma pesquisa exploratória, dedutiva e descritiva, onde além da revisão de literatura -bibliográfica e documental, foi realizada a observação participante. Os resultados mostram que por mais que se fale em avanços, as ações existentes são de sobremaneira muito incipientes e ainda carregadas de valores conservadores e preconceituosos. Cabe destacar a resistência das religiões tradicionais ancestrais dos cultos descendentes de matriz africana em receber no âmago de suas instituições religiosas, essa população transexual que tramita de forma mais ativa nos espaços sociais, culturais, políticos e religiosos, se ancora numa ancestralidade patriarcal, e nada mais é do que uma resistência a essa diversidade clara e viva que existe na sociedade brasileira; e assim, reproduz meios de aniquilação desses corpos não desejáveis nos espaços religiosos. Convém ressaltar que, apesar do grande esforço em esmiuçar as discussões acerca desta temática nas diversas instâncias das relações sociais, as suas possibilidades são inesgotáveis, o que evidencia a necessidade de se manter aberto o debate para novas contribuições, haja vista a complexidade do tema e a sua relação a tradições culturais do Candomblé.