Desde 1828, quando surgiu a primeira legislação sobre adoção no Brasil, houve reformulações nas leis visando garantir os direitos das crianças e adolescentes que aguardam um lar adotivo. Atualmente, muitas famílias são candidatos pretendentes à adoção, no entanto, a minoria opta por adotar crianças com idade superior a dois anos, por acreditarem que possuem maior dificuldade de adaptação. Como resultados tem-se o aumento da fila de espera e o sentimento de desesperanças das crianças e adolescentes que aguardam por um novo lar nas instituições de acolhimento. O objetivo deste estudo foi compreender a percepção de psicólogos que atuam no processo de adoção de crianças maiores e os fatores que favorecem para devoluções aos lares de acolhimento. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, com a participação de cinco psicólogos que atuam em lares de acolhimento. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada para a coleta de dados. Os resultados foram analisados por meio de análise de conteúdo categorial, e concluíram que: (a) o despreparo dos pretendentes à adoção pode contribuir para as devoluções, (b) a espera e o medo de ser abandonado vividos pela criança pode desencadear prejuízos, (c) as crianças devolvidas às instituições sofrem prejuízos emocionais e cognitivos (d) acolhimento, vínculo afetivo e alinhamento das expectativas dos pretendentes podem contribuir para o sucesso da adoção e (e) os desafios dos psicólogos são orientar os pretendentes e ajudar as crianças a lidar com os sentimentos de desesperanças que surgem no processo. Concluindo a importância do profissional no processo de adoção sadia.