Este ensaio tem por objetivo discutir a presença da primeira etapa a educação básica, a educação infantil (EI), na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Parte do princípio de que o documento provoca empobrecimento do contexto educacional brasileiro, através de um currículo prescritivo, pouca autonomia e reflexão docente, que acaba por restringir a discussão sobre educação a melhorar os índices nas avaliações externas em larga escala. Inicia sua argumentação através do contexto de influência que justifica a entrada da EI no documento para, a seguir, tendo como referência as contribuições das áreas de avaliação e currículo, defender que há relação direta entre a Base e as avaliações estandardizadas, mesmo que, na educação infantil, não seja a proposta avaliar desempenho e/ou desenvolvimento infantil. Argumenta que a relação entre a EI e a Base está diretamente relacionada à questão da alfabetização na pré-escola, já que crianças pré-escolares têm melhor desempenho escolar futuro que as demais. Conclui que a Base pode provocar descaraterização do trabalho pedagógico referendado nas múltiplas linguagens, uma vez que pode contribuir para a antecipação do processo de alfabetização e para processos de escolarização precoce, a partir de uma perspectiva mecanicista, o que contraria os princípios epistemológicos e pedagógicos da educação infantil.