O aumento do consumo de produtos farmacêuticos, como o ibuprofeno, tem levado à sua presença generalizada no meio ambiente, representando riscos para a cadeia trófica. A fim de monitorar a presença de contaminantes farmacêuticos emergentes, é comum o uso de minhocas (Eisenia fetida) e alface (Lactuca sativa) para o monitoramento ambiental. Este estudo investigou os efeitos da exposição ao ibuprofeno em concentrações ambientalmente relevantes (0,02 e 0,20 mg/L-1) e não relevante (600 mg/L-1) sobre a mortalidade das minhocas, germinação, desenvolvimento inicial de plântulas e efeitos sobre o ciclo celular de Lactuca sativa. Os resultados demostram que concentrações ambientalmente relevantes não foram capazes de induzir mortalidade em minhocas ou reduzir a porcentagem de germinação das sementes de alface. Tais parâmetros foram afetados somente pela concentração não relevante, a qual promoveu 100% de mortalidade e reduziu a germinação em 61,67%. Apesar de não ter afetado a germinação, a concentração de 0,02 mg/L-1 reduziu o comprimento das raízes das plântulas em 18,72% e o comprimento da parte aérea em 20,72%. Além disso, foi constatado que o ibuprofeno pode afetar negativamente a integridade do material genético, induzindo a formação de micronúcleos em células da raiz, indicando sua mutagenicidade. Na concentração de 0,02 mg/L-1, a frequência de micronúcleos foi de 0,68%, e na concentração de 0,20 mg/L-1, foi de 1,33%. Isso sugere que a presença de ibuprofeno no ambiente pode representar risco para a biodiversidade, ressaltando a necessidade de medidas para minimizar a exposição ao composto e garantir seu uso seguro e responsável.
Palavras-chave: Descarte de Medicamentos; Lactuca sativa; Modelos vegetais; Micronúcleos; Poluição hídrica.