“…Enquanto a teorização feita até aqui por cientistas políticos e sociólogos adota pressupostos da teoria da escolha racional ou neoinstitucionalistas (Costa Jr., 2018), a Psicologia da decisão judicial busca elaborar modelos sobre como a coleta e o processamento de informação na mente do tomador de decisão pode sofrer impacto de variáveis extrajurídicas. Com isso, cientistas políticos podem explicar a atuação dos juízes como uma manifestação de seu "comportamento político" (Harris & Sen, 2019), mas a agenda da Psicologia da decisão precisa decompor esse comportamento, analisando fatores que são capazes de explicar as regularidades decisórias. Existe, assim, uma mudança de nível de análise, pois enquanto os cientistas políticos tratam de preferências políticas, a Psicologia da decisão observa os processos pelos quais as escolhas são efetivamente realizadas, o que traz à tona categorias como: tipos ou sistemas de raciocínio (as teorias do "du-plo processo"), processos automáticos ou inconscientes, preconceitos implícitos em contraposição a explícitos, e outras categorias até pouco tempo atrás ausentes.…”