Recebido em 31/8/10; aceito em 15/12/10; publicado na web em 25/3/11 PHENOLIC ACIDS BIOAVAILABILITY. The daily intake of phenolic compounds does not necessarily reflect the dose at which they reach the physiological targets in the organisms. The biological activity of phenolic compounds metabolites found in blood, organs and target tissues, as a result of digestive and hepatic activity, may differ from those of the native forms of the substances. This review discusses the absorption and metabolism of phenolic acids, a class of phenolic compounds abundant in food, and the methodologies used for evaluation of bioavailability.Keywords: phenolic acids; bioavailability; biomarkers.
INTRODUÇÃOA ingestão insuficiente de compostos bioativos (CBAs) constitui componente de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).1,2 Estes compostos interferem em alvos fisiológicos específicos, modulando a defesa antioxidante, defesa frente a processos inflamatórios e mutagênicos, os quais estão relacionados a várias doenças e não há dúvida de que sejam essenciais para a manutenção da saúde. CBAs podem ser provenientes de produtos de origem animal (ácido graxo da família ômega 3, ácidos graxos conjugados), vegetal (carotenoides, fitoesterois, terpenos, compostos fenólicos) ou micro-organismos.CBAs de vegetais (fitoquímicos) compreendem uma grande variedade de classes de compostos químicos com diferentes propriedades físico-quimicas (polaridade, solubilidade, capacidade de formar pontes de hidrogênio, potencial de oxidorredução) que irão determinar tanto o tipo como a eficiência de atividade, assim como o meio e a estrutura celular em que podem atuar.Compostos fenólicos são abundantes em frutas, vegetais e alimentos derivados dos mesmos, que são consistentemente associados à redução no risco de doenças cardiovasculares, câncer e outras doenças crônicas.3 A capacidade dessas substâncias em sequestrar radicais livres e metais pró-oxidantes (ação antioxidante) explica, em parte, esta associação. Evidências recentes sugerem que estes compostos possam atuar por meio de outros mecanismos além da capacidade antioxidante, como a modulação da atividade de diferentes enzimas como telomerase, lipoxigenase e cicloxigenase, interações com receptores e vias de transdução de sinais, regulação do ciclo celular, entre outras, essenciais para a manutenção da homeostase dos organismos vivos. 4 Para que um composto químico possa exercer atividade bioló-gica, deve atingir o alvo fisiológico numa concentração mínima que determine tanto esse efeito biológico quanto o mecanismo de ação. A ingestão diária de CBAs não necessariamente reflete a dose em que atingirá o alvo fisiológico, o que explica, em parte, a falta de correlação entre os dados epidemiológicos e estudos de intervenção.Visto que estes compostos são reconhecidos pelo organismo como xenobióticos, 2 estimulando os mecanismos de detoxificação e defesa antioxidante, a concentração fisiológica dos mesmos é relativamente restrita e a biodisponibilidade constitui importante fator de controle...