Resumo A ciência e a pós-graduação brasileiras remontam a um passado recente, com expressivo crescimento no decorrer das últimas décadas. Considerando o comportamento do cientista como objeto de estudo psicológico, o objetivo deste trabalho foi investigar possíveis diferenças entre as variáveis responsáveis por instalar e manter o comportamento acadêmico de pesquisadores seniores e iniciantes. Participaram desta pesquisa, de natureza exploratória, seis professores bolsistas de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico das áreas de Psicologia, Genética e Física - sendo um pesquisador sênior e um pesquisador iniciante de cada área. Os dados, coletados por meio de entrevistas, foram analisados mediante o procedimento de interpretação analítico-comportamental. A análise do relato verbal das participantes seniores indica que o comportamento acadêmico das entrevistadas foi instalado por meio de contingências associadas à formação clássica; os participantes iniciantes, por outro lado, foram expostos a uma formação básica profissionalizante. Em acréscimo, as participantes seniores titularam-se doutoras sob contingências informais, e os participantes iniciantes doutoraram-se por meio de contingências delimitadas institucionalmente. Na contemporaneidade, o comportamento acadêmico das participantes seniores é mantido por meio de contingências de reforçamento natural. O relato verbal dos participantes iniciantes indica que o comportamento acadêmico dos entrevistados é, atualmente, distanciado das suas consequências naturais imediatas. As principais diferenças encontradas entre as contingências originárias e mantenedoras do comportamento acadêmico dos participantes seniores e iniciantes parecem exprimir, especialmente, as diferentes contingências a que os entrevistados foram expostos ao longo da formação acadêmico-científica.