Em anos recentes, podemos localizar, no campo do cinema brasileiro, um irrompimento da existência lésbica, conforme formulada pela poeta e ensaísta feminista estadunidense Adrienne Rich. Cercando algumas das contingências histórico-políticas que condicionaram essa emergência, neste texto, desenvolvido em diálogo com proposições lesbofeministas e disparado por memórias tanto coletivas quanto autobiográficas, discuto as possibilidades de se autonomear “lésbica” a partir de uma história construída por apagamentos, insultos e violências, mas também pelos legados deixados pelas lésbicas que nos precederam, em especial por suas produções teóricas, literárias e cinematográficas. Recorro, finalmente, à figura emblemática e monstruosa da vampira para pensá-la como paradigma da in/visibilidade lésbica no cinema, retomando importantes textos a respeito das nossas presenças em filmes ao longo da história. Com esse movimento de contra-arquivamento, procuro contribuir, finalmente, com a consolidação de um repertório crítico que nos ajude a ampliar os questionamentos e inquietações que se agitam a partir das movimentações lésbicas no cinema brasileiro contemporâneo.