Esse é um texto que esboça, na deriva e provisoriedade do gesto ensaístico, modos de pensar as existências lésbicas no cinema para além de uma compreensão da problemática da in/visibilidade como algo restrito ao olhar, à representação ou representatividade. Buscamos acentuar o desejo lésbico naquilo que ativa outros sentidos na paisagem audiovisual, que chamamos de bodyland, e que diz respeito às dinâmicas entre o corpo da personagem lésbica, o corpo do filme e o corpo da espectadora. Um espaço sensível, político e háptico que experimentamos, nesse texto, a partir de uma perspectiva ex-ótica da imagem em movimento, tateando algumas obras recentes à procura de outros sentidos muitas vezes metaforizados e intensificados pelas formas fluidas da água e do fogo. Nesse artigo, trataremos especificamente das dinâmicas da água para pensar o desejo lésbico no cinema.
O filme Amarelo Manga, de Cláudio Assis, é visto como obra de um cinema que quebra com centralidade da figura humana e apresenta uma composição peculiar do espaço, em especial em relação à representação da decadência urbana do terceiro mundo. Procura-se investigar as manobras da narrativa e das imagens para, em última análise, apontar o filme de Assis como um exame do declínio da cidade que, ao mesmo tempo, instiga a crítica à vontade humana e a valores liberais.
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