RESUMO: Discute-se a determinação social da saúde materno-infantil nas Américas, a partir de inúmeras publicações e recomendações oficiais. Observou-se que nem todos os estudos valorizam apropriadamente as variá-veis sociais e que muitos deles as consideram no mesmo nível de importância das variáveis biológicas. Como conseqüência, a compreensão final dos achados fica prejudicada e as conclusões e recomendações extraídas ficam longe de tocar a raiz dos problemas. Diferentes variáveis sociais (como escolaridade materna ou assistência médica) encontram-se freqüentemente associadas com variáveis biológicas (como peso ao nascer ou estado nutricional). Esta associação, no entanto, pode não representar uma relação causai, mas tão somente a ocorrência simultânea de características pertencentes a uma única classe social. Reitera-se a necessidade de estudos que reconheçam as classes sociais e analisem os resultados sobre saúde materno-infantil em relação às mesmas. Estes estudos provavelmente evidenciarão a importância social da saúde materno-infantil e evitarão as habituais diretrizes e recomendações restritas ao plano puramente técnico.
UNITERMOS:Saúde materno-infantil, aspectos sociais. Serviços de saú-de materno-infantil. Programas de saúde, avaliação.
A CRIANÇA EM TRÊS MOMENTOS DA SOCIEDADE INDUSTRIAL
Inglaterra, 1840"A divisão dos ricos e pobres não era nova. Mas com a chegada das máquinas e do sistema fabril a linha divisória se tornou mais acentuada ainda. Os ricos ficaram mais ricos e os pobres, desligados dos meios de produção, mais pobres. Particularmente ruim era o sistema dos artesãos, que ganhavam antes o bastante para uma vida decente e que, agora, devido a competição das mercadorias feitas pela máquina, viram-se na miséria. Temos uma idéia de como era desesperadora a sua situação pelo testemunho de um deles, Thomas Heath, tecelão manual: