Introdução: de acordo com a legislação brasileira, um dentifrício não pode conter mais que 1.500 ppm deflúor total (FT), e o fabricante deve declarar na embalagem a concentração e o tipo de sal de flúor que oproduto contém. No entanto, para que possa exercer um efeito anticárie, o produto deve conter pelo menos1.000 ppm F (mgF/kg) na forma quimicamente solúvel. Objetivo: avaliar as concentrações de flúor total (FT)e flúor solúvel total (FST) em dentifrícios distribuídos pelo serviço público de saúde da cidade de Salvador,Bahia. Materiais e métodos: três amostras de um dentifrício (MFP/CaCO3, 1.500 ppm F como FT) que estavasendo distribuído pelo serviço público de saúde de Salvador, BA, foram obtidas. Como controle, foi utilizadoum dentifrício com a mesma formulação (1.450 ppm de FT) encontrado no comércio da cidade de Piracicaba,SP. As análises foram realizadas com eletrodo específico para fluoreto, empregando metodologia já validada e os resultados expressos em ppm F (mg F/kg). Resultados: em todas as amostras avaliadas, foram encontrados apenas 61,8 ppm F de FT, evidenciando que não foram fluoretadas, fato este nunca antes relatado no Brasil. De outro modo, no dentifrício utilizado como controle, havia 1404,7 ppm F de FT, do qual 1.270,0 ppm estavam solúveis (FST). Conclusão: os cremes dentais avaliados nesta pesquisa não são capazes de exercer um efeito anticárie, uma vez que não foram fluoretados. Esses dados mostram a urgência de modificação da regulamentação brasileira vigente e a necessidade de maior controle de qualidade desses produtos.