de textos escritos está longe de ser pacífica (Brassart, 1996; Fayol citado em Rego, 2005;Stein, 1988). Num dos pólos da controvérsia, situam-se posições cognitivistas que conferem às estruturas textuais o estatuto de representações cognitivas abstratas (Adam, 1992, Van Dijk, 1992 que precederiam os textos efetivamente produzidos e desempenhariam em relação a estes o papel de modelos. Por outro lado, autores que divergem dessa perspectiva preferem tratar as chamadas estruturas ou protótipos textuais, não como modelos cognitivos e, sim, como "construtos teóricos, elaborados secundariamente a partir do exame das seqüências empiricamente observáveis nos textos" (Bronckart, 1999, p. 233). Caso caiba a tais estruturas algum papel de modelo que orienta o escritor em seu processo de produção textual, isso se daria "apenas como generalização das diversas práticas planificadoras observáveis no intertexto" (Bronckart, 1999, p. 233, negrito no original). A seleção dos elementos que entram na composição de um texto poderia ser determinada simplesmente pela consciência do escritor a respeito de parâmetros da situação em que o texto é produzido (aspectos pragmáticos) tais como: finalidade comunicativa, tipo de destinatário, etc. O presente estudo se insere nas linhas de investigação que exploraram a relação entre a consciência/conhecimento que indivíduos demonstram possuir sobre a chamada "estrutura prototípica" de textos argumentativos e a presença dessa mesma estrutura em textos escritos que produzem. Estruturas prototípicas são aqui entendidas como modelos abstratos de tipos textuais (narração, argumentação, etc.) que se diferenciam entre si pela natureza dos elementos lingüísticos que os constituem e certos modos de articulação que lhes são característicos.A suposição de que a consciência/conhecimento de "estruturas prototípicas" seja relevante no processo de produção 1 O estudo aqui reportado fez parte da dissertação de mestrado da primeira autora realizada sob orientação da segunda. As autoras agradecem ao CNPq pelo apoio concedido à realização desse trabalho na forma de bolsa de mestrado e de produtividade em pesquisa, respectivamente. RESUMO -A suposição cognitivista de que a consciência de um "esquema argumentativo" oriente as produções textuais dos indivíduos está longe de ser pacífica. Alternativamente, sugere-se que os elementos incluídos num texto seriam determinados pela consciência a respeito de parâmetros da situação de produção textual (finalidade, destinatário, etc.). Partindo-se desta controvérsia, investigou-se em que medida a reflexão sobre a "estrutura argumentativa" exerceria um impacto sobre os elementos que crianças e adultos jovens incorporariam a seus textos. A análise dos resultados mostrou que: ponto de vista e justificativa foram os elementos considerados indispensáveis a uma escrita argumentativa. Antecipação de contra-argumentos foi vista como relevante para a consecução do objetivo persuasivo do texto apenas quando eram rebatidos. A reflexão sobre elementos da "estrutura argumentativa" nem se...