O diagnóstico clínico da intoxicação por chumbo deve levar em conta os órgãos-alvo que determinam os sinais e sintomas mais característicos da intoxicação: cérebro, sistema hematopoiético, rins, e sistema nervoso periférico. O órgão alvo crítico é o cérebro, promovendo sinais e sintomas de encefalopatia mais ou menos acentuada, tais como, cefaléia, perda de memória, perda da concentração e atenção em tarefas corriqueiras, alterações de humor, com irritabilidade, depressão, insônia, ou sonolência, estupor, convulsões e coma, dependendo da dose e duração da exposição. O diagnóstico é confirmado pela dosagem de chumbo no sangue (plumbemia) ou na urina (plumbúria), ou de algum dos parâmetros de efeito do chumbo na cadeia de formação da hemoglobina, tais como o ácido deltaminolevulínico no sangue ou na urina e protoporfirina eritrocitária no sangue. O tratamento da intoxicação é feito com quelantes. Por questão de custos e disponibilidade comercial, a experiência acumulada no Brasil restringe-se ao uso do dimercaprol (BAL), do versenato de cálcio (EDTACaNa2) e da D-penicilamina. Entretanto, os quelantes mais eficazes são o EDTACaNa2 por via parenteral e o ácido dimercapto succínico (DMSA) por via oral. O BAL pode ser utilizado juntamente com o EDTACaNa2 em casos de adultos com sintomatologia encefalopática, ou em crianças mesmo sem sintomas de SNC, pois diferentemente do EDTACaNa2 ele passa a barreira encefálica quelando chumbo presente no cérebro ou impedindo que chumbo mobilizado durante o uso do EDTA aja no cérebro da criança.