Este artigo examina como valores religiosos estão implicados no debate público no governo Bolsonaro. Isso abrange temas morais controversos – o aborto e a diversidade sexual, tópicos associados à categoria de acusação “ideologia de gênero”. Esses temas integram a pauta de costumes, uma agenda centrada na moral sexual e reprodutiva acionada na campanha à presidência de Jair Bolsonaro, que engaja seus apoiadores religiosos. Esta investigação analisa controvérsias com base em pesquisa documental nos sites eletrônicos da grande imprensa e dos informativos ligados ao Executivo, Legislativo e Judiciário, além de exame das redes sociais de agentes envolvidos nos movimentos sociais analisados. No contexto da pandemia de Covid-19, a pauta de costumes foi momentaneamente eclipsada pela questão da liberdade de culto. Além da participação de lideranças religiosas na base de apoio do presidente, observa-se a erupção de movimentos da sociedade_civil, autodesignados cristãos, que lutam em prol do fortalecimento político do governante, em sua ascensão autoritária, contra instituições democráticas, especialmente o Supremo Tribunal Federal. Esses movimentos conservadores alegam defender a liberdade religiosa entre outras liberdades civis. Tal conservadorismo está associado a certa linguagem de gênero e a uma identidade dita cristã. O viés na execução de políticas públicas revela moralidade pautada em valores_religiosos.