2010
DOI: 10.1590/s0102-37722010000500007
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Clínica fenomenológica: do método de pesquisa para a prática psicoterapêutica

Abstract: RESUMO -Por clínica fenomenológica define-se a influência do método de Husserl nos tratamentos psicológicos. A presente exposição aborda: (1) a filosofia do conceito de existência, definida como cuidado de si, e de método fenomenológico, definido como estudo da consciência; (2) as polêmicas transformações sofridas pelo método fenomenológico para a análise da existência; e (3) a extensão da análise da existência para a psicoterapia como clínica fenomenológica. O estudo contrasta descrições do processo terapêuti… Show more

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“…Nesse destaque, o grupo analisado no presente estudo, em um enquadre teórico e metodológico, recebe contornos de um trabalho influenciado pela perspectiva fenomenológica em diálogo com a diversidade empírica dos trabalhos clínicos ao se inspirar em um caminho de valorização da experiência cotidiana (Gomes & Castro, 2010;Moreira, 2013). Segundo a perspectiva dos participantes, não há um foco hermenêutico/interpretativo e nem psicoeducativo na prática.…”
Section: Resultsunclassified
“…Nesse destaque, o grupo analisado no presente estudo, em um enquadre teórico e metodológico, recebe contornos de um trabalho influenciado pela perspectiva fenomenológica em diálogo com a diversidade empírica dos trabalhos clínicos ao se inspirar em um caminho de valorização da experiência cotidiana (Gomes & Castro, 2010;Moreira, 2013). Segundo a perspectiva dos participantes, não há um foco hermenêutico/interpretativo e nem psicoeducativo na prática.…”
Section: Resultsunclassified
“…Para tanto, fez-se uso do método fenomenológico, desenvolvido por Edmund Husserl, definido como um método filosófico descritivo, que se aplica à relação entre consciência e experiência, considerando que ambas são indissociáveis. Tal método não visa respostas casuais para os fenômenos, e sim compreendê-los em sua totalidade (Gomes, & Castro, 2010).…”
Section: Métodounclassified
“…No entanto, essa concepção originária de 'psicologia fenomenológica' foi sendo esquecida e deixando de ser tematizada pelos psicólogos (Goto, 2015;Goto, Holanda & Costa, 2018), principalmente com a 'recepção' e 'circulação' da fenomenologia nos EUA (Branco, 2014), por um ladorecepção esta que se deu, inclusive pelos clínicos da época, que se apropriaram de tais conceitos, buscando fontes diversas disponíveis, e que acabaram elaborando entendimentos próprios e aplicações distintas do modo de pensamento original dos fenomenólogos (Spiegelberg, 1972)e, por outro lado, pelo distanciamento progressivo dos psiquiatras e psicólogos europeus, do projeto husserliano, em direção a outros modos de compreensão da fenomenologia (Spiegelberg, 1972;Gomes & Castro, 2010;Holanda, 2014;Portugal & Holanda, 2018). Esses entendimentos e aplicações constituíram, assim, principalmente na psicologia clínica, algumas das ditas 'abordagens humanistas/existenciais-fenomenológicas', enquanto na pesquisa psicológica empírica surgiu a denominada 'pesquisa qualitativa fenomenológica' ligada ao grupo de psicólogos associados à Duquesne University (Giorgi, 1985;DeCastro & Gomes, 2011;Branco, 2014), mas que seguiram rumos discordantes dos da própria psicologia fenomenológica de Husserl (Goto, 2015;Reis, Holanda, & Goto, 2016).…”
Section: Introductionunclassified
“…Foi nas décadas de 60 e 70 que a relação entre fenomenologia e psicologia teve um desenvolvimento mais expressivo, uma vez que a fenomenologia começou a ser vinculada à psicologia clínica. Vários autores apontam que o desenvolvimento da psicologia fenomenológica em nosso país está relacionado aos psicólogos humanistas, vinculados à Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers (Guimarães, 2000;Gomes, Holanda & Gauer, 2004;Paim, 2010;Gomes & Castro, 2010;DeCastro & Gomes, 2011;Holanda, 2014Holanda, , 2016Branco, 2015). Por outro lado, Gomes et al (2004) indicam, ainda, uma orientação psicoterápica seguida pelos profissionais identificados com as perspectivas existenciais de Heidegger, Binswanger, Boss, Minkowski e Sartre; além de apontar que os profissionais mais diretamente envolvidos com pesquisa empírica seguem, também, Merleau-Ponty.…”
Section: Introductionunclassified
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