Segundo Merleau-Ponty, "é o homem que investe o mundo de significados". Tomando como ponto de partida esta colocação, surge-nos questões as mais variadas com relação ao procedimento empírico em Ciências Humanas (em geral), e em Psicologia (em particular). A questão do método em Psicologia sempre foi questão controversa ao longo da história, desde a constituição da "ciência psicológica" como ciência naturalista, até os dias atuais, quando se reflete sobre a diversidade das possibilidades da apreensão do humano e suas perspectivas (Amatuzzi, 1994).No esteio das reflexões sobre o status da Psicologia enquanto ciência -natural (ou empírica) ou "humana", com suas especificidades -costuma-se estabelecer categorias metodológicas distintas para contextos diversos: em especial quando se fala de métodos quantitativos versus métodos qualitativos. Cremos ser desnecessário, neste espaço, discorrermos sobre o caráter da cientificidade dos métodos qualitativos, tarefa já empreendida exaustivamente ao longo dos diversos embates epistemológicos com respeito à Psicologia (González Rey, 1999;Scarparo, 2000;Bruns & Holanda, 2003), e já discutido em trabalho anterior (Holanda, 2002).Nosso objetivo neste artigo é empreender uma discussão em torno da diversidade dos métodos qualitativos de pesquisa em Psicologia, com especial destaque para o método fenomenológico, como um modelo compreensivo que apresenta significativa relação com o fenômeno psicológico.Comumente se descreve os métodos qualitativos como modelos diferenciados de abordagem empírica, especificamente voltados para os chamados "fenô-menos humanos", ou seja, como métodos que fogem da tradicional conexão com aspectos empíricos tais como medição e controle. Segundo Mucchielli (1991, p. 3):Os métodos qualitativos são métodos das ciências humanas que pesquisam, explicitam, analisam, fenômenos (visíveis ou ocultos). Esses fenômenos, por essência, não são passíveis de serem medidos (uma crença, uma representação, um estilo pessoal de relação com o outro, uma estratégia face um problema, um procedimento de decisão...), eles possuem as características específicas dos "fatos humanos". O estudo desses fatos humanos se realiza com as técnicas de pesquisa e análise que, escapando a toda codificação e programação sistemáticas, repousam 363
Este estudo visa apresentar, numa perspectiva teórica, a pesquisa qualitativa e o método fenomenológico, tomando por base o modelo empírico-compreensivo de Amedeo Giorgi. Na busca por minimizar as dificuldades encontradas na aplicação do método fenomenológico, no que concerne à grande variedade de interpretações, e explicitar como se constituem os resultados dessa prática de pesquisa, foi necessário esclarecer a natureza qualitativa da realidade investigada, o modelo de relação entre investigador-investigado e o modo como se obtiveram o conhecimento do problema e os aspectos intrinsecamente relacionados. Com o intuito de abranger esse conteúdo, o artigo dividiu-se em três partes. Foi feita, inicialmente, uma introdução sobre a pesquisa qualitativa; posteriormente, propôs-se discutir a fenomenologia e seus principais conceitos, e, na terceira parte deste artigo, foi estudado o método fenomenológico, em especial o modelo desenvolvido por Giorgi.
Trata-se de uma avaliação do possível papel do uso da ayahuasca, em contexto religioso, como auxiliar na redução do consumo abusivo de psicoativos, a partir de uma pesquisa de estudo de caso. Foi realizada uma entrevista aberta com uma usuária regular de cocaína, nicotina e álcool que abandonou este comportamento após entrar em contato com a ayahuasca num contexto ritualizado. O caso foi analisado à luz da comparação deste com a literatura existente sobre o assunto. Foi traçada uma relação entre o início do uso da ayahuasca e o abandono do uso de cocaína, nicotina e álcool pela entrevistada, a partir da avaliação das representações simbólicas e das descrições de suas primeiras experiências com a bebida.
A revisão apresenta um panorama da literatura nacional que trata da vivência espiritual/religiosa de graduandos no contexto da formação científico-acadêmica do psicólogo. O objetivo foi delinear e analisar pesquisas empíricas sobre a relação entre estudantes, espiritualidade, religião e formação nos cursos de psicologia do país. Realizou-se uma busca nas bases de dados virtuais: Biblioteca Virtual em Saúde, Scientific Eletronic Library Online, Periódicos Eletrônicos em Psicologia, e no Banco de Teses e Dissertações da CAPES, sendo selecionados e analisados 11 estudos, no período de 2002 a 2017. Observou-se um número reduzido de publicações, especialmente no formato de artigo. A maioria das pesquisas é oriunda de instituições de ensino confessionais e de Programas de Pós-graduação em Psicologia. Verificou-se que estudantes de psicologia tendem a apresentar índices menores de bem-estar espiritual quando comparados a outros estudantes universitários. Formandos de diferentes regiões do país mencionam sentir dificuldade e insegurança quando o assunto se apresenta na clínica. Questionam sobre a postura ética adequada; sentem medo de influenciar o paciente, de revelar a religião pessoal e não saber lidar com suas próprias crenças. Admitem falta de conhecimento e manejo teórico-clínico; e a dificuldade ou impedimento de abordar tais questões com professores e supervisores de estágio.
O trabalho se propõe a analisar a questão da Psicopatologia sob o prisma da Dialética, a partir das reflexões de Heráclito de Éfeso, e da Filosofia Dialógica de Martin Buber, como fundamentos para uma compreensão gestáltica da realidade. A idéia básica para se traçar uma elaboração da psicopatologia em Gestalt-Terapia é a noção de que "tudo é um todo", como contraponto a urna visão nosográfica tradicional, que considera a patologia como intrapsíquica ou individual. A psicopatologia é vista como produto da subjetividade que se caracteriza por ser, antes de tudo, intersubjetividade. Partindo de uma epistemologia da Gestalt Terapia, traça um panorama histórico dos pensamentos que formaram a Gestalt-Terapia, designando suas principais filosofias de base. Aproveita para tecer uma crítica ao modelo psiquiátrico tradicional com base nas idéias de Thomas Szasz. O cerne do trabalho é a consideração dialética da Gestalt- Terapia, a partir de três asserções: 1) Tudo é uma totalidade; 2) Tudo muda e 3) Tudo se relaciona com algo mais; e de suas correlações com o pensamento de Heráclito de Éfeso. O trabalho elabora ainda uma consideração da psicopatologia sob o prisma relacional, conforme Buber, que assinala para a patologia como um produto da desconfirmação do ser enquanto um existente. A psicopatologia surge, na realidade, como um evento relacionado ao diálogo ou, melhor dizendo, à falta deste. Com isto, mais uma vez concluímos que o homem deve ser entendido como um ser de relações. Utilizando uma linguagem buberiana, o fundamento da relação está na confirmação da existência do Outro e a psicopatologia é, pois, produto da desconfirmação. A conclusão final reconhece a Gestalt-Terapia como o resgate de uma ética do vivido.
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