A revisão apresenta um panorama da literatura nacional que trata da vivência espiritual/religiosa de graduandos no contexto da formação científico-acadêmica do psicólogo. O objetivo foi delinear e analisar pesquisas empíricas sobre a relação entre estudantes, espiritualidade, religião e formação nos cursos de psicologia do país. Realizou-se uma busca nas bases de dados virtuais: Biblioteca Virtual em Saúde, Scientific Eletronic Library Online, Periódicos Eletrônicos em Psicologia, e no Banco de Teses e Dissertações da CAPES, sendo selecionados e analisados 11 estudos, no período de 2002 a 2017. Observou-se um número reduzido de publicações, especialmente no formato de artigo. A maioria das pesquisas é oriunda de instituições de ensino confessionais e de Programas de Pós-graduação em Psicologia. Verificou-se que estudantes de psicologia tendem a apresentar índices menores de bem-estar espiritual quando comparados a outros estudantes universitários. Formandos de diferentes regiões do país mencionam sentir dificuldade e insegurança quando o assunto se apresenta na clínica. Questionam sobre a postura ética adequada; sentem medo de influenciar o paciente, de revelar a religião pessoal e não saber lidar com suas próprias crenças. Admitem falta de conhecimento e manejo teórico-clínico; e a dificuldade ou impedimento de abordar tais questões com professores e supervisores de estágio.
As relações entre Ciência e Religião na cultura ocidental moderna denotam ambivalências, dissociações e conflitos. Embora a produção em Psicologia da Religião no Brasil seja vasta, a formação acadêmica pouco contempla essa discussão; a temática ainda é tratada de modo distanciado, assunto permanentemente evitado no contexto acadêmico e científico. O objetivo deste trabalho foi identificar como o estudante de psicologia vivencia as relações entre os conteúdos estudados no curso, o ambiente acadêmico e a própria religiosidade/espiritualidade. O estudo reuniu procedimentos quantitativos e qualitativos: os dados sociodemográficos foram objeto de análise estatística e os relatos analisados com base numa metodologia empírico-fenomenológica. O instrumento foi um questionário estruturado, aplicado a uma população de graduandos em psicologia. Participaram 60 estudantes, dos quais, 30 pertencem a algum grupo religioso, quatro se declaram ateus, cinco agnósticos e 13 acreditam em Deus. A relação entre Psicologia e Religião foi descrita como difícil e complexa, e por vezes, inconciliável no nível teórico-metodológico. O ambiente acadêmico é percebido como um lugar cientificista e sem abertura para discutir religião. Vivências de conflito são experienciadas em sala de aula, no convívio com professores e colegas e em relação aos conteúdos estudados. Vivências de associação ou dissociação entre as crenças e a psicologia aparecem como formas de lidar com o conflito. O estudo salienta a importância da discussão no que tange à experiência religiosa individual do estudante e a formação de psicólogo.
O Brasil é um país conhecido por sua diversidade religiosa e liberdade de culto. Diante de uma população bastante religiosa, conquanto, religião e espiritualidade são assuntos pouco explorados em cursos de formação superior ligados à área da saúde. Buscou-se no presente texto apresentar um panorama descritivo das características e problemáticas identificadas na atualidade sobre a inserção do eixo religião, espiritualidade e saúde na formação acadêmica de profissionais e estudantes do campo da saúde. Foi realizada uma revisão narrativa com base em estudos empíricos, teóricos e revisões sistemáticas recentes. A literatura investigada é composta por artigos de revistas científicas nacionais da área da saúde, teses, dissertações, capítulos de livros e publicações internacionais. Observou-se um evidente distanciamento entre a pesquisa contemporânea, sobre religião e os processos de saúde-doença, e sua tradução e aplicação na formação e atuação clínica de profissionais da saúde. Os estudos demostram uma inserção limitada do tema nos currículos dos cursos de graduação, com maior participação das instituições de ensino superior confessionais. Profissionais e estudantes parecem reconhecer a importância desta dimensão para saúde e o desejo de seus pacientes em falar sobre esse assunto, mas assumem não se sentir preparados ou não ter tido formação para realizar essa abordagem.
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