A disfunção do filme lacrimal, mais conhecida como "olho seco" é, segundo vários autores, uma das condições mais freqüentes na prática oftalmológica (1)(2)(3) . Parece acometer de 15 a 40% da população em geral (4) , sendo as mulheres e os idosos os grupos mais atingidos por esta síndrome (5) . O olho seco costuma provocar queixas que, geralmente, variam de um leve desconforto ocular a uma dor severa e incapacidade em manter os olhos abertos (6)(7)(8)(9)(10) . A morbidade associada à síndrome se relaciona a mudanças na superfície ocular, que dão origem a um espectro de anormalidades que abrangem: erosões superficiais puntiformes, filamentos corneanos, placas mucosas e defeitos epiteliais. Nos casos mais severos, a ocorrência de complicações como as úlceras de córnea pode trazer sérios riscos à integridade ocular (9) . Apesar do grande avanço do conhecimento sobre essa condição nos últimos 25 anos (11) , ainda há pouco consenso entre os principais pesquisadores a respeito de muitos de seus aspectos essenciais. Assim, as manifestações persistentes da síndrome do olho seco, freqüentemente refratárias a tratamentos paliativos, não raramente, se constituem numa grande fonte de frustração, tanto para os pacientes como para seus médicos (12) , que têm dificuldades justificadas para a abordagem do problema.
CONCEITOS E DEFINIÇÕES EM OLHO SECOAs dificuldades na avaliação do olho seco se iniciam pelas divergências existentes entre as diversas definições encontradas na literatura.Scarpi sugere que a síndrome está associada a anormalidades na relação entre a produção da lágrima e a manutenção da superfície córneo-conjuntival (13) . Lemp et al propõem que o olho seco, ou ceratoconjuntivite "sicca", é um distúrbio associado a uma deficiência na produção lacrimal e/ou a um excesso em sua evaporação, causando desconforto ocular e danos especialOlho seco: conceitos, história natural e classificações A síndrome do olho seco constitui freqüentemente, grande fonte de frustração, tanto para os pacientes, como para os oftalmologistas que, não raramente, são vencidos pela persistência dos sintomas, apesar dos esforços para sua abordagem diagnóstica e terapêutica. O tema adquire sua real importância quando nos defrontamos com o fato do "olho seco" ser uma das queixas mais comuns na prática oftalmológica. Os autores apresentam uma revisão de aspectos essenciais para a compreensão da moderna abordagem desta síndrome.
RESUMODescritores: Síndromes do olho seco; Lágrimas/secreção; Soluções oftálmicas/uso terapêutico; Síndrome de Sjöegren; Glândulas meibomianas ATUALIZAÇÃO CONTINUADA