Com respaldo na Linguística Textual, buscamos, neste artigo, analisar a carga argumentativa em declarações discriminatórias enunciadas pelo juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, da comarca de Sete Lagoas – MG, em 2007. Para tanto, optamos por avaliar os adjetivos, manifestamente afetivos e reveladores de posições ideológicas do enunciador, e os advérbios, que conferem propriedade às qualidades, aos sujeitos e aos eventos da enunciação, marcando o grau de engajamento do enunciador e robustecendo os argumentos, os conteúdos, os sentidos e as convicções subjacentes, sendo que ambos são mobilizados como artifícios persuasivos na defesa dos pontos de vista externalizados. Trata-se de uma tentativa de justificar perspectivas valorativas e de levar a um convencimento sobre a proposição de que a sociedade deve ser regida e mantida nos moldes masculinos, posto que a quebra dessa prevalência e desse domínio masculino e a consequente independência feminina tornam o homem emocionalmente frágil, tolo, dependente e subjugado, por isso causam desequilíbrio, desarmonia e caos à sociedade – tradicionalmente patriarcal –, acima de tudo quando é criada uma lei (Lei Maria da Penha) que protege exclusivamente as mulheres de agressões e de violências. Por fim, o adjetivo e o advérbio regulam e encaminham a orientação interpretativa dos discursos, seus sentidos e seu aceite.