Tomando por base o fenômeno da coerência referencial tal como entendido por Givón (1995; 2001b), analisamos suas consequências sintáticas na combinação de cláusulas. Com apoio em teorias funcionalistas que defendem a articulação de cláusulas em termos de gradiência (HAIMAN; THOMPSON, 1984; HOPPER; TRAUGOTT, 2003; GIVÓN, 2001b), descrevemos e analisamos 596 Cláusulas Hipotáticas Temporais do Corpus Sociolingüístico de la Ciudad de México (CSCM) e testamos a hipótese de Givón (1995; 2001b) sobre continuidade referencial em cláusulas mais integradas às que se articulam, observando a posição (anteposta, intercalada, posposta), seu tipo (desenvolvida, reduzida) e seus sujeitos (correferenciais ou não aos de suas nucleares). Nossos resultados mostram a atuação do princípio de marcação e sua dependência ao contexto (GIVÓN, 1995; 2001a) e do princípio de expressividade (DUBOIS; VOTRE, 2012), principalmente no uso de cláusulas intercaladas, formas menos marcadas nesse contexto, por expressarem maior coerência referencial do que as antepostas e pospostas. Concluímos que a combinação de orações serve a propósitos discursivos, mobilizando a coerência referencial no discurso, cujos meios sintáticos são expressos em cláusulas mais integradas à sua nuclear.
ResumoCom base em pressupostos e princípios da Linguística Funcional Centrada no Uso (Bybee 2010 e Furtado da Cunha et al. 2013), analisamos, neste artigo, a intercalação de Cláusulas Hipotáticas Circunstanciais Temporais em dados de 54 entrevistas do Corpus Sociolingüístico de la Ciudad de México (CSCM), tratando-a como uma categoria de protótipos. Os 514 dados revelam 13 types, entre os quais o exemplar Verbo auxiliar de perífrase (∆) Temporal (∆) Verbo principal de perífrase foi considerado o caso mais prototípico de intercalação de Temporais, com base em alta complexidade estrutural, baixa frequência token e baixa produtividade (frequência no type). Percebemos, também, que a função textual-discursiva mais típica das temporais intercaladas é guia/orientação circunstancial. Do ponto de vista cognitivo, os usos de cláusulas intercaladas, do protótipo à margem, são motivados por mecanismos que tendem a reduzir esforços de codificação, refletindo marcação, iconicidade (Givón 1995(Givón , 2001 e expressividade (Dubois e Votre 2012).
Analisamos, neste artigo, sob os vieses qualitativo e quantitativo, o vocábulo presidenta, que, tomando por base sua forma latina, não apresentaria variação; contudo, a validade do termo justifica-se por diversos critérios: (i) a língua abriga variação e mudança; (ii) a variação presidente/presidenta, em Português (brasileiro e europeu), também é notada em veículos midiáticos das demais línguas românicas: Francês, Italiano, Espanhol e Romeno; (iii) há menção ao vocábulo em obras de referência, (iv) que também apresentam possibilidade de variação a outras palavras terminadas em -e; (v) a variação é comprovada em dados reais, sendo o vocábulo presidenta fortemente motivado por posição político-partidária.
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