Comissões De Heteroidentificação Racial Para Acesso Em Universidades Federais

Abstract

Resumo O artigo analisa a política de cota racial para acesso à educação superior em uma universidade federal brasileira em seu mais recente ajuste: a instalação de uma comissão de heteroidentificação racial que se baseia no fenótipo dos(das) candidatos(as). A base epistemológico-metodológica parte de uma análise crítica da política, entendendo que a construção dessa ação pública é fruto de embates e disputas entre atores com diferentes concepções de justiça social. O resultado da pesquisa aponta que, na universidade estudada, a instalação da comissão de heteroidentificação retraiu significativamente, desde a implementação da cota racial, em 2008, o acesso de pessoas autodeclaradas negras, indicando que as comissões colocam em causa o significado do que é ser pessoa negra no Brasil.

The diffusion of racial validation panels in public universities - institutions and organizational change

“…Finally, organizations are subject to the influence of activists working within them, broader social movements (Davis, McAdam, Scott, and Zald, 2005), and other stakeholders. Case studies have shown that black activism was instrumental in the adoption of procedures to validate the racial self-declarations (Batista, Figueiredo, 2020;Dias, Tavares Junior, 2018;Guimarães, Rios, Sotero, 2020;Leite, 2020;Marques, 2019;Oliveira, 2019;Silva, Cirqueira, Rios, Alves, 2020). To understand how this happened, we have sought to identify the channels through which demands formulated by social movements reached policymakers (Lavalle, Carlos, Dowbor, Szwako, 2018;Rios, 2018) and the judiciary and the results that ensued.…”

A Difusão das Comissões de Heteroidentificação nas Universidades Públicas: Instituições e Mudança Organizacional

“…Por fim, as organizações estão sujeitas à influência de ativistas atuando no seu interior e de movimentos sociais mais amplos (Davis et al, 2005), assim como de outros grupos interessados. Estudos de caso mostraram que o ativismo negro foi importante para a adoção de procedimentos de validação das autodeclarações raciais (Batista, Figueiredo, 2020;Dias, Tavares Júnior, 2018;Guimarães, Rios, Sotero, 2020;Leite, 2020;Marques, 2019;Oliveira, 2019, Silva et at., 2020. Para compreender como isso aconteceu, procuramos identificar os canais pelos quais as demandas formuladas por movimentos sociais chegaram aos formuladores das políticas (Lavalle et al, 2018;Rios, 2018) e ao judiciário, e os resultados disso.…”

Seeing Race Like a State: Higher Education Affirmative Action Verification Commissions in Brazil

“…9. For the case studies, see Silveira 2015;Santos et al 2019;Elísio et al 2019;Marques et al 2019;Maciel et al 2019;Fonseca and Costa 2019;Dias and Tavares Júnior 2018;Passos 2019;Nunes 2019;Miranda et al 2020;Silva et al 2020;Silva and Custódio 2021;Silva and dos Santos 2021;Rodrigues 2022;. [Batista and Figueiredo 2020?…”

“…Asked to be certain about their identities, or phenotypes, and knowing that they will have to pass in front of a commission may lead those who are less familiar with repertoires of blackness (and more familiar with traditional repertoires of racial democracy) to self-exclude. Although there are no conclusive results about that idea, Batista and Figueiredo (2020) found that the number of applicants who self-identify as preto and pardo has declined since commissions were implemented at a federal university in the South.…”