Dada a pluralidade ontológica associada à Teoria Quântica (isto é, a multiplicidade de interpretações da teoria), investigamos as abordagens de 22 livros didáticos de graduação no processo de composição de um possível mundo comum sobre radiação eletromagnética. No trabalho, alinhamo-nos, por um lado, às propostas de Eduardo Viveiros de Castro, Bruno Latour e Isabelle Stengers, defendendo que a realidade se dá por um processo cosmopolítico em que multinaturezas não transcendentais negociam para alcançar uma estabilização comum. Essas perspectivas colidem com uma metafísica central do modernismo: uma realidade fundamentada em uma natureza única e inata (chamada de cosmopolita). Por outro lado, partimos da Filosofia da Linguagem de Bakhtin para analisar o estilo de discurso citado dos livros. A análise principal do texto se dá no sentido de identificar se os livros são cosmopolitas ou cosmopolíticos, e se as fronteiras do discurso citado estão explícitas ou apagadas. Os resultados encontrados em nossa análise indicam que não há uma proposição de radiação eletromagnética estabilizada ontologicamente, quando consideramos todos os livros didáticos. No entanto, como a maioria desses mesmos livros esconde os limites entre as proposições, é evidente que os autores simulam que há um consenso na comunidade científica a respeito de sua ontologia.