RESUMOO itinerário terapêutico é uma estratégia que permite ao profissional de saúde conhecer como se dá o caminho de busca por cuidados de pessoas adoecidas e suas famílias, contribuindo para compreensão dos contextos que influenciam o comportamento e escolhas frente ao processo de adoecer, tratamento e modos de se cuidar. O objetivo do estudo foi apreender a trajetória terapêutica de pessoas com insuficiência renal crônica e seus familiares. Pesquisa qualitativa do tipo estudo de casos múltiplos, realizado junto a três pessoas adoecidas em tratamento hemodialítico e suas famílias. A coleta de dados se deu por entrevista aberta e os dados compilados por análise de conteúdo, modalidade temática. Para construir o itinerário terapêutico, os resultados foram organizados em três categorias: subsistema familiar, profissional e cultural. A família apareceu como o primeiro e principal local de busca por cuidados. Posteriormente, familiares passam a caminhar juntamente com o membro adoecido em busca de cuidados profissionais, mantendo os conhecimento e crenças adquiridas culturalmente. Conclui-se que a construção do itinerário mostrou-se eficaz, pois oferece importantes informações para o planejamento de um cuidado humanizado e efetivo às reais necessidades de saúde das pessoas adoecidas e suas famílias.Palavras-chave: Atividades cotidianas. Doença Crônica. Humanização da Assistência.
INTRODUÇÃOA insuficiência renal crônica (IRC) é caracterizada pela lesão nos rins com perda progressiva e irreversível da função renal e, consequentemente, a perda da capacidade de manter o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico (1,2) . Atualmente, afeta cerca de 10% da população mundial e representa um crescente problema de saúde pública em todo o mundo. Destaca-se que a IRC, na maioria dos casos, é assintomática e silenciosa o que dificulta o diagnóstico precoce (2,3) . Uma vez instalada, é necessário instituir tratamento conservador por toda vida, ou até o transplante renal. Essa condição apresenta-se como um grande desafio para a família, pois leva os sujeitos à dependência de cuidados específicos e contínuos, modificando sua dinâmica e organização cotidiana. Como principal pilar de suporte da pessoa adoecida, a família passa, além de ofertar o cuidado, a buscá-lo nos serviços de saúde, juntamente com seus membros adoecidos, desde o inicio dos sintomas (4,5) . No que tange aos serviços de saúde, é esperado que o processo de tratamento da pessoa com IRC seja contínuo e capaz de assegurar impacto positivo na sobrevida, com diminuição de comorbidades (5) . No entanto, observa-se uma grande lacuna entre os níveis de atenção e proximidade à pessoa adoecida e suas especificidades. A prática assistencial, em suma, negligencia os contextos socioculturais, ambientais e familiares, os quais influenciam diretamente o comportamento dos sujeitos, observados a partir da reflexão sobre o cotidiano (1,4) . É preciso compreender que o caminho de busca por cuidados das pessoas e suas famílias se dá no cotidiano e ultrapassam os limites dos serv...