“…).Essa realidade dialetizada nos PMSsem que não se evidenciou a forma de captação das necessidades em saúde, como, por exemplo, por meio das conferências municipais de saúde, que não apresentaram de forma consistente como a participação social aconteceu e nem em que medida se fizeram necessárias ações para potencializar e melhorar a participação da comunidade no SUSé corroborada por estudos que reforçam a pertinência de uma análise crítica sobre a qualidade da participação social na gestão do SUS, visto que apontam, para além da ausência de formação dos conselheiros locais de saúde para a sua atuação gerencial efetiva, aspectos relacionados à desmotivação, morosidade processual na operacionalização dos conselhos locais, entre outros que limitam as práticas de controle social(Lisboa et al, 2016;Silva et al, 2016).Desta forma, apesar dos avanços na implantação da participação da sociedade na gestão do SUS, ainda se vislumbra a necessidade de maior envolvimento da comunidade, por meio de ações de empoderamento, desenvolvimento pessoal e profissional, bem como de criação de espaços políticos para a discussão das necessidades em saúde do território, o que por sua vez tem a potencialidade de proposição e implantação de políticas públicas municipais que atendam à dimensão particular da realidade, considerando-se, inclusive, as necessidades de grupos sociais de maior vulnerabilidade.Esta possibilidade de envolvimento comunitário colabora com o atendimento de forma efetiva às necessidades em saúde da população, uma vez que o setor saúde agrega em sua natureza grande complexidade operacional, o que exige mecanismos que considerem esta densidade, bem como os 108 problemas a serem geridos por meio de políticas públicas(Behring, Boschetti, 2011;Lotta, Favareto, 2016).Nessa perspectiva, as práticas gerenciais ganham em acurácia, pois se aproximam da concretude da realidade e, consequentemente, da densidade dos problemas de saúde, os quais, em sua maioria, demandam ações intersetoriais, cabendo à esfera municipal de gestão de saúde o dever de maximizar o bemestar, por meio de ações que colaborem com a qualidade de vida da população(Arreaza, 2012).Frente ao exposto, a atuação da Enfermagem inserida na equipe interdisciplinar e orientada como prática social destaca-se, pois tem plena condição de contribuir para a identificação das necessidades em saúde, considerando-se os determinantes de fortalecimento e desgaste de grupos sociais vulneráveis, a fim de propor ações setoriais e intersetoriais, com vistas a colaborar na superação da realidade(Arreaza, 2012;David, Bonetti, Silva, 2012).Portanto, a compreensão superficial e desarticulada das necessidades em saúde ilustra a alienação social ao supor que, compreendidas de forma descontextualizada socialmente, possam ter potencialidade para ilustrar aspectos particulares da realidade(Arreaza, 2012). Por exemplo, a compreensão das necessidades em saúde da população nos PMSs analisados, que se utilizam, única e isoladamente, de indicadores de morbimortalidade centrados na doença, e não nas formas de produção e reprodução social.Assim, a captação dos padrões de saúde-doença na perspectiva da determinação social, ou seja, conforme preconizado pela Saúde Coletiva como área do conhecimento, contribui de forma significativa para a percepção de bemestar e qualidade de vida, dialogando de forma direta com a compreensão do indivíduo como um ser livre, solidário, autorrealizado e socialmente participante(Arreaza, 2012).…”